segunda-feira, 5 de agosto de 2013

GATOS E ENVENENAMENTO: CUIDADOS

Envenenamento: CUIDADO com receitas caseiras

O envenenamento de animais é um problema muito comum, principalmente para animais que tem acesso à rua. Vamos então falar sobre o que fazer, e o que não fazer, em um caso de envenenamento.
Os danos causados dependem da quantidade de veneno ingerido e por quanto tempo o mesmo permaneceu no organismo antes do tratamento. Se o tratamento correto for imediato, muitos venenos não causam maiores danos. No entanto, alguns são fatais ou o dano causado é permanente, não importa o quão rápido você procure ajuda.
Nem sempre o efeito de um veneno é imediato. Portanto, se você viu o seu pet ingerindo qualquer substância potencialmente tóxica, não pense que ele ‘ficará bem’ só porque ele não mostrou qualquer sinal imediato de intoxicação. Os efeitos de alguns venenos e substâncias tóxicas podem levar entre 3-4 dias até aparecerem.
O produto mais comumente usado para envenenar animais é o chumbinho, que apesar de oficialmente proibido, é encontrado e vendido em qualquer lugar. No entanto, existem vários outros tipos de veneno, como organofosforados e formicidas, e qualquer outro produto químico que uma mente doentia que contempla envenenar um animal pense em usar. Essas substâncias são ingeridas pelo animal e vão parar no estômago e intestino, onde são absorvidas e vão para a corrente sanguínea. Substâncias ácidas são mais rapidamente absorvidas em ambientes ácidos (pH baixo), e substâncias básicas, em ambientes básicos (pH alto).
Posso dar leite para o animal envenenado? – NÃO!
O leite é uma substância de pH praticamente neutro, bem mais alto que o pH do estômago. Portanto, se o veneno ingerido for de caráter ácido, o leite irá agir como um neutralizante e retardar a absorção. Mas, se o veneno for de caráter básico, a única coisa que o leite fará é potencializar o seu efeito e acelerar a sua absorção, aumentando a chance de morte do animal. Então…a não ser que você saiba exatamente que tipo de veneno foi usado, e tenha conhecimentos de química suficientes para saber se esse veneno é ácido ou básico, dar leite para o animal irá colocar a vida dele em risco ainda maior.
Lembrando ainda que, se o animal está inconsciente ou convulsionando, jamais poderá receber nada pela boca (nem leite, nem água, nada!), em função do risco de aspiração (afogamento), e morte.
Posso fazer o animal vomitar? – NÃO!
Você já teve a curiosidade de ler com cuidado as instruções de um produto de limpeza, produto de higiene, coisas desse tipo? Em sua grande maioria está escrito assim: “Em caso de ingestão, NÃO PROVOQUE VÔMITO e consulte imediatamente um médico, levando a embalagem ou o rótulo do produto”. Se isso vale para humanos, por que não para os bichos?
Várias substâncias usadas para envenenar animais são cáusticas, e portanto extremamente irritantes para as vias aéreas, boca e esôgafo, causando queimaduras químicas. Então use a lógica: se o veneno queima no caminho para dentro, vai queimar ao refazer o caminho para fora, certo? Ao provocar o vômito do animal você estará causando lesões ainda mais graves. Um outro perigo de causar o vômito é que a substância vomitada muitas vezes faz via falsa (vai para os pulmões) e afoga o animal, levando a um quadro grave de pneumonia aspirativa e morte. Portanto, o vômito só deve ser induzido  por alguém experiente e quando se sabe exatamente qual foi a substância ingerida.
Receitinhas caseiras: tenha medo, tenha muito medo
Volta e meia alguém posta na internet uma ‘receitinha caseira’ para acudir animais envenenados ou com outros problemas de saúde. Coisas absolutamente absurdas como ‘quiabo cura cinomose’, ‘cânfora mata pulgas’ (e mata o cão/gato também, esqueceram de dizer), ‘atroveram e água oxigenada para envenenamento’. Essas receitas doidas são repassadas indiscriminadamente, e podem causar a morte de muitos animais.
Imagine que você enfiou água oxigenada (que é corrosiva), atroveram, óleo de cozinha ou sei lá que outra barbaridade goela abaixo do pobre bichinho, e por algum motivo ele não vomitou isso tudo. Se o veterinário precisar provocar uma êmese (induzir ao vômito, mas de modo controlado), todas essas coisas terão que sair também, mas não sem antes terem causado seu próprio estrago e sua própria intoxicação.
Muitos desses ‘remedinhos caseiros’ podem reagir com o próprio veneno e piorar ainda mais o quadro, causando úlceras orais, esofágicas, estomacais e intestinais no animal, então além de ter que lidar com o envenenamento em si, o veterinário ainda vai ter que tratar de todas essas possíveis complicações.
Sintomas mais comuns do envenenamento
  • Letargia ou lentidão
  • Vômito
  • Falta de apetite
  • Perda de equilíbrio
  • Dificuldade de respirar
  • Convulsões
O que fazer então?
LEVE AO VETERINÁRIO o mais rápido que puder. Tempo é um fator crucial nesses casos, e quanto antes o animal for atendido por um profissional, melhores as chances de recuperação. Se possível, leve junto o rótulo da substância ingerida ou o que sobrou dela, pois sabendo o que o animal ingeriu o veterinário poderá agir de acordo.
Medicar sem acompanhamento médico, ou usar receitas caseiras, é PERIGOSO!!! Se você já seguiu uma dessas receitas e seu pet sobreviveu, provavelmente não foi por causa da receita, foi apesar dela. E talvez da próxima vez seu bichinho não tenha tanta sorte.
Animais ficam doentes, sofrem acidentes, envelhecem e precisam de cuidados especiais. Quando assumimos a responsabilidade por um bichinho devemos estar preparados – inclusive financeiramente – para esse tipo de emergências, isso se chama Guarda Responsável. Se uma consulta veterinária não cabe no seu orçamento, o mínimo que você deve fazer é MANTER SEU GATO DENTRO DE CASA, assim as chances de um envenenamento ocorrer são mínimas. É muito mais fácil prevenir do que remediar.
Nem sempre o envenenamento acontece de forma premeditada. Muitas coisas que para nós humanos são inócuas, podem ser tóxicas para um gato. Leia mais sobre os perigos de intoxicação aqui.
Fontes:
Petplace.com
Portal Nosso Mundo
Consultoria: Dr. Manoel Oliva Proença Netto, médico veterinário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário