segunda-feira, 30 de abril de 2012

IV COLÓQUIO ESTADUAL DE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO - UNEB

No dia 11, as 16 horas, seremos brindados com a mesa redonda formada pelos professores Romilson Sousa, Daniela Radel, Telma Cortizo e Edna Bittelbrunn, quando se discutirá os operadores psicanalíticos no enlace com a educação, tema contemporaneo que será mediado pelo Professor Antônio Amorim.

sábado, 28 de abril de 2012

LANÇAMENTO COLETIVO NA EDUFBA - 09 DE MAIO DE 2012

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Lançamento Coletivo EDUFBA – Maio de 2012 apresenta 15 livros
Primeiro coletivo do ano acontece no dia 9 de maio, às 17h30, na Biblioteca Universitária de Saúde da UFBA, e integra as comemorações dos 20 anos da Editora

         A Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA) convida para o primeiro lançamento coletivo de 2012, que integra as comemorações de seus 20 anos de atividade. O evento ocorre no dia 9 de maio, quarta-feira, às 17h30, no hall da Biblioteca Universitária de Saúde da UFBA, ao lado da Livraria EDUFBA, localizada no Canela, em Salvador. Na ocasião, 15 livros de diversas áreas do conhecimento serão apresentados ao público, que pode adquiri-los a um preço promocional.
         A realização dos lançamentos coletivos da EDUFBA é uma iniciativa que visa promover um maior diálogo entre os diversos campos do conhecimento produzidos na universidade. Em 2011, a EDUFBA realizou cinco desses eventos, além de dezenas de lançamentos individuais. A expectativa é que o sucesso destes números repita-se em 2012, que é um ano de comemorações na Editora.

Conheça, abaixo, as obras que integram a programação do Lançamento Coletivo EDUFBA – Maio de 2012:

A construção da escola primária na Bahia: guia de referências temáticas nas leis de reforma e regulamentos (1890-1930) – Volume 1
Organizadores: Elizabete Conceição Santana, Jaci Maria Ferraz de Menezes, Maria Alba Guedes Machado Mello, Ladjane Alves Souza, Natalli Soeiro Costa, Sandra Silva e Souza e Verônica de Jesus Brandão
Esta obra reúne documentos sobre a construção da escola primária na Bahia entre 1890 e 1930. Divide-se em três partes: Do direito à educação primária: prescrições sobre oferta e acesso, que aborda questões relacionadas à responsabilidade de criar escolas; Organização do ensino em geral, que trata da estrutura do ensino público e primário, dos objetivos da instrução pública e da administração do ensino; na última parte, A escola primária: seus professores, organização e materialidade, são discutidos assuntos como o papel e a capacitação dos professores no ensino primário, os tipos de classificação das escolas e a inspeção escolar.
Preço de lançamento: R$ 25,00

Avaliação: metodologias no campo da saúde e da formação
Organizadoras: Cristina Maria Meira de Melo, Norma Carapiá Fagundes e Tatiane Araújo dos Santos
O livro apresenta propostas metodológicas sobre a pesquisa avaliativa direcionada para o campo da saúde e com interseção em outros campos, como o da gestão e educação, que têm interfaces nas organizações da saúde. Seus oito capítulos foram originados de pesquisas realizadas no campo da avaliação pelo grupo Gerir, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Temas como gestão e saúde, educação, formação e atenção à saúde são abordados neste livro, destinado aos profissionais interessados pela avaliação.
Preço de lançamento: R$ 30,00

Bêabá da Bahia: guia turístico (2ª ed.)
Autor: José Valladares
Publicada 60 anos depois da primeira, esta edição integra a Coleção Nordestina, que reúne livros de editoras universitárias do nordeste brasileiro. Em forma de guia turístico, esta obra apresenta a Bahia sob um ângulo diferenciado e bastante completo, trazendo informações sobre sua história, seu clima, sua população, suas festas, suas religiões, sua culinária, seus artistas, músicas e literatura, tudo através de uma linguagem clara e direta, mas curiosa e perspicaz. Funciona, ainda, como uma fonte de pesquisa para percebermos as mudanças pelas quais a Bahia passou ao longo dos anos.
Preço de lançamento: R$ 20,00

Breviário de Antonio Conselheiro (2ª ed.)
Organizadores: Walnice Nogueira Galvão e Fernando da Rocha Peres
Esta obra é referência para os estudiosos e leitores interessados na guerra de Canudos, que aconteceu nos sertões baianos nos primórdios dos períodos republicanos. Esta edição traz, nove anos depois da primeira, alguns acréscimos sobre o manuscrito de 1895 e sua sobrevivência. Além dos fragmentos do documento, apresentações de Walnice Nogueira Galvão e Fernando da Rocha Peres, descrevem o manuscrito e tratam de diversas questões sobre o seu conteúdo, sua autoria e as circunstâncias de sua retirada do local da guerra.
Preço de lançamento: R$ 25,00

De anjos a mulheres: ideologias e valores na formação de enfermeiras
Autora: Elizete Passos
Com o objetivo de auxiliar na reflexão das mulheres enfermeiras, para que possam entender os mitos e preconceitos que têm envolvido a profissão ao longo dos tempos, esta obra identifica os valores que têm definido a enfermagem como uma prática abnegada, de submissão e doação. Para entender este ponto central, a autora retoma algumas questões clássicas que perpassam a enfermagem em geral, focando em experiências vividas na Escola de Enfermagem da UFBA (EEUFBA), ao longo de seus 50 anos de existência.
Preço de lançamento: R$ 25,00

Direito penal e o paradigma da responsabilidade juvenil: ato infracional, medida socioeducativa e direitos fundamentais
Autor: Eduardo da Silva Villas-Bôas
Partindo das bases da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº 8.069/90, que apresentam um novo sistema de tratamento jurídico-penal aos atos ilícitos praticados por adolescentes, esta obra discute assuntos como as medidas socioeducativas, o modelo de culpabilidade e o sistema penal da responsabilidade juvenil. Após as discussões apresentadas, o autor conclui que o tratamento jurídico-penal aplicado aos adolescentes é um fenômeno cultural e social, historicamente concebido. Adotando pressupostos teóricos, defende a busca pelo equilíbrio entre a proteção da sociedade e os direitos do cidadão acusado.
Preço de lançamento: R$ 20,00

(Entre)vista: a escuta revela
Autora: Maria de Lourdes S. Ornellas
Este é o primeiro volume da série Métodos e Técnicas de Pesquisa. Esta obra apresenta informações sobre o processo de transformar uma entrevista em uma experiência de diálogo entre o entrevistador e o entrevistado. Partindo da concepção de que uma palavra nunca tem um sentido único, a autora entende que uma entrevista pode e deve ser um ato sofisticado de levantamento de informações. Aborda questões como a tríade ética, atenção e cuidado, a singularidade do sujeito e os tipos de entrevista.
Preço de lançamento: R$ 20,00

Elogio aos errantes
Autora: Paola Berenstein Jacques
Elogio aos errantes propõe-se a abordar a experiência urbana da alteridade. Entendendo a cidade como locus da experiência e se contrapondo aos discursos que demonstram a incapacidade de fazer e transmitir experiências na cidade contemporânea, a autora discute as possibilidades de um urbanismo mais incorporado.
Preço de lançamento: R$ 30,00

Formação, trabalho, sociedade e conhecimento: a escuta de conceitos enredados no cotidiano do sujeito
Organizadoras: Adriana Paula Oliveira Santos e Vera Fartes
Dividida em três blocos, esta publicação entende que a formação requer o sujeito na sua singularidade, mas também nas suas condições de vida coletiva. Relacionando-se intrinsecamente com a educação, a construção de identidade do indivíduo e as exigências do mundo do trabalho na sociedade contemporânea, a formação exige a interação entre o pessoal e o social, o eu e o outro. Assim, esta obra apresenta e problematiza temas importantes para reflexão sobre educação, formação, diversidade, trabalho, desenvolvimento profissional, sociedade e o conhecimento na atualidade.
Preço de lançamento: R$ 30,00

Intersecções jurídicas entre o público e o privado: uma abordagem principiológica constitucional
Organizadores: Jorge Renato dos Reis e Katia Leão Cerqueira
Composta por 11 textos que abordam desde compreensões acerca das parcerias público-privadas no Brasil até uma análise da constitucionalização do direito privado, esta obra nasce a partir de reflexões dos membros de grupo de pesquisa homônimo ligado ao Programa de Pós-Graduação do Stricto Sensu em Direito (PPGD) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Os debates estão centrados na área de Direitos Sociais e tencionam aprofundar o debate político e jurídico acerca de assuntos relevantes no campo das políticas públicas.
Preço de lançamento: R$ 25,00

O negro encena a Bahia
Autor: Luna Nery
Esta é a primeira obra da Coleção Temas Afro, que traz na capa de seus livros uma ilustração da artista baiana Goya Lopes. A proposta desta publicação é analisar as representações étnicas em longas-metragens de ficção baianos. Ressaltando o negro, mas sem excluir outros grupos, Nery trata de um contexto em que negros, brancos e mestiços estão implicados socialmente. A análise apresentada tem como ponto de partida uma abordagem sociológica e examina, além do discurso falado, questões como o cenário, a trilha sonora e ações gestuais presentes nas obras. Os filmes analisados foram: Barravento, O Anjo Negro, Tenda dos Milagres, Cidade Baixa e Ó Paí, Ó.
Preço de lançamento: R$ 22,00

Pagodes baianos: entrelaçando sons, corpos e letras
Autor: Clebemilton Nascimento
As letras das músicas de pagode produzidas na Bahia nas duas últimas décadas são entendidas nesta obra como espaços de produção de significados sociais. A partir delas, o autor analisa de que forma as relações de poder entre homens e mulheres estão sendo forjadas e representadas nos discursos produzidos por essas músicas. Constatando que a imagem feminina no pagode baiano é sempre construída a partir do olhar masculino, o livro toma a sexualidade como um fator determinante da mudança social na contemporaneidade.
Preço de lançamento: R$ 20,00

Prisões numa abordagem interdisciplinar
Organizadores: Maria Thereza Ávila Dantas Coelho e Milton Júlio de Carvalho Filho
Esta obra tem como principal objetivo colaborar com as discussões sobre o sistema prisional brasileiro e a reforma iniciada no século XIX. Resultado das reflexões de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, como Medicina, Administração e Sociologia, oferece ao leitor a possibilidade de conhecer e questionar aspectos históricos, sociais e econômicos do contexto contemporâneo do sistema prisional brasileiro. Nos artigos, são problematizadas questões como o crescimento mundial do número de prisioneiros, a participação privada na gestão das prisões e o perfil dos agentes penitenciários.
Preço de lançamento: R$ 25,00

Reflexões sobre música e técnica
Autor: Marta Castello Branco
Integrante da coleção Sala de Aula, esta obra descreve os aspectos técnicos de um caso de interação entre compositor e intérprete a partir da concepção da música “...como os regatos e as árvores, para canto e flauta” (2006), de Rafael Nassif. Dividido em quatro capítulos, o livro faz uma abordagem detalhada do processo de construção que envolveu a criação da peça musical de Nassif. Apresenta um estudo acerca de suas primeiras interpretações e, a partir desta obra, faz questionamentos sobre a técnica. Autores como Martin Heidegger e Vilém Flusser são abordados pela autora, que propõe um olhar reflexivo sobre o tema.
Preço de lançamento: R$ 20,00

Travessias de gênero na perspectiva feminista
Organizadores: Ivia Alves, Maria de Lourdes Schefler, Petilda Serva Vazquez e Silvia de Aquino
A presente obra reúne os principais trabalhos apresentados no VIII Simpósio Baiano de Pesquisadores sobre Mulher e Relações de Gênero, realizado em 2007. As discussões, durante o evento, confluíram para as questões relativas à transversalização do enfoque de gênero, tema que se inscreve no âmbito das políticas públicas de trabalho, educação, cultura, saúde, violência e direitos reprodutivos. Dividido em três grandes partes, o livro busca explorar abordagens transversais articulando gênero a várias dimensões da vida social.
Preço de lançamento: R$ 30,00

Serviço
O quê: Lançamento Coletivo EDUFBA – Maio de 2012
Quando: 09 de maio, quarta-feira, das 17h30 às 20h30
Onde: Biblioteca Universitária de Saúde Professor Álvaro Rubim de Pinho (Campus Canela, UFBA – Rua Basílio da Gama, s/n, Canela – Salvador, Bahia)
Quanto: entrada gratuita

quinta-feira, 26 de abril de 2012

IV COLÓQUIO ESTADUAL DE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO - DRA. ALBA RIVA

No dia 11, as 14h, haverá uma mesa redonda nomeada Leituras sobre RSI: um estudo sobre a produção imaginária da criança e sua relação com a aprendizagem. Será um espaço único para um debate rico a partir das falas da Psicanalista Profª Drª Alba Riva Brito e a Doutoranda Leila Soares.

 

Momento imperdível do colóquio.

domingo, 22 de abril de 2012

IV COLÓQUIO ESTADUAL DE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO - UNEB

O IV Colóquio acontecerá nos dias 11 e 12 de maio de 2012 e contará com a fala valiosa da professora Leny Magalhães Mrech, autora do livro O impacto da psicanálise na educação, dentre outros.
Leny Magalhaes Mrech
É psicóloga, socióloga e psicanalista. Com mestrado em Psicologia do Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Sao Paulo (1984) e doutorado em Psicologia do Escolar pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Sao Paulo (1989). É livre-docente pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atuando em regime de RDIDP. É professora associada em regime de MS-5 junto à FEUSP.Trabalha junto as áreas de Pós-Graduação de Psicologia e Educação e Educação Especial. Suas pesquisas se direcionam para os seguintes temas de investigação: Psicanálise e Educação, Psicanálise e Educação Inclusiva e Psicologia. É membro efetivo da Escola Brasileira de Psicanálise. Autora do livro Psicanálise e Educação: Novos Operadores de Leitura(agora em edição digital) e organizadora do livro O Impacto da Psicanálise na Educação.Coordenadora dos livros : 1) Psicanálise, transmissão e formação de professores para a Editora Fino Traço(2011). Um trabalho conjunto com Marcelo Ricardo Pereira, trazendo artigos de professores de renome internacional como o professor Bernard Pechberty e autores de renome nacional como Maria Cristina Kupfer, Leandro de Lajonquiére, Rinaldo Voltolini e outros e o professor Bernard Pechberty de renome internacional. 2) Psicanálise, Educação e Diversidade(2011) para a Editora Fino Traço. Trabalho em conjunto com Mônica Maria Farid Rahme e Marcelo Ricardo Pereira. Trazendo autores de renome internacional como Ana Bloj e nacionais como Margareth Diniz, Tânia Ferreira e outros. Atua fazendo a supervisão de formação de professores em Educação Inclusiva.

 

sábado, 21 de abril de 2012

IV COLÓQUIO ESTADUAL DE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO - UNEB

PROGRAMAÇÃO DO DIA 11 DE MAIO DE 2012

Profª Drª Larissa Ornellas Profª Dra. Leny Magalhaes Mrech
Profª Drª Alba Riva Brito
Profª Leila Soares
Prof. Romilson Sousa
Profª Daniela Chaves Radel BIttencourt
Profª Telma Cortizo
Profª Edna Bittelbrunn

IV COLÓQUIO ESTADUAL DE PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO - UNEB

PROGRAMAÇÃO DO COLÓQUIO


No primeiro dia teremos a conferência proferida pela professora Dra. Larissa Ornellas sobre A falha da Função Paterna na contemporanmeidade. Sem dúvida poderemos fazer aí uma leitura da desautorização docente ou do declínio da autoridade do mstre. O tema é instigante e precisa ser ouvido e discutido.
Esta conferência acontecerá as 09:00h.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Caso do professor que matou a aluna... - Escrito por João Paulo Rodrigues de Castro

O interesse do público pelas notícias sobre crimes está em ver a punição por crimes que desejamos ou aceitamos cometer um dia [1]. Para Freud, a repressão dos instintos delitivos por meio da moral não os destrói. Esses instintos apenas ficam guardados no inconsciente por um sentimento de culpa, uma tendência a confessar. Ao ver um programa policial, haveria, segundo Freud [2] “[...] uma compensação às restituições que alguém coloca ao próprio sadismo”. Em Totem e tabu [3], afirmou que a tentação de repetir o ato do transgressor exigia o isolamento e a quarentena de quem violava um tabu. Desse modo, toda reação punitiva tinha como pressuposto, entre os membros do grupo, impulsos idênticos aos proibidos. Para Mead, sob outro enfoque, mas chegando aos mesmos resultados de Freud, a hostilidade em relação aos criminosos contribui para aumentar a solidariedade e o amor dos cidadãos não delinqüentes [4]. Isso implicaria um reforço coletivo da moralidade. No entanto, por trás desse fundamento racional do castigo, há sua verdadeira função: “a gratificação pelas agressões desejadas, porém reprimidas” [5].
O caso do professor que matou a aluna e ex-namorada parece contrariar essa tese. A maioria do povo não admite sequer matar alguém, quem dirá atirar três vezes contra sua “alma gêmea”. Além disso, todos buscam distanciar-se do assassino, seja por sua visão equivocada do amor como “posse”, seja por seu aparente perfil “psicopata”.
O curioso é que, para os maiores filósofos da humanidade, o amor depende da posse ou está relacionado ao que sentimos quando nos apoderamos de algo. Schopenhauer é explícito ao relacionar amor com posse. Para esse filósofo, o amor é uma ilusão subjetiva, um estratagema para que a natureza consiga atingir seu fim: a multiplicação da espécie. Isso se confirmaria pelo fato de que o apaixonado não deseja simplesmente a correspondência amorosa: “[...] mas a posse, isto é, o gozo físico” [6]. A busca inconsciente dos enamorados pela procriação também se confirmaria pelo fato de os homens gostarem de mulheres com seios grandes (mais leite para as crias) e também pela atração entre os opostos (maior mistura de material genético, criando espécies mais fortes) [7].
Na obra O banquete, de Platão, sete amigos tentam descrevem o amor. De ressaca por uma noitada anterior, resolvem beber apenas o suficiente para explicarem qual o melhor conceito sobre o “amor”. Não importa descrever a versão de cada um. Até porque Platão considera sofismas as seis primeiras análises. Endeusam o sentimento “amor”, mas não o explicam. Só havia um filósofo no recinto, aquele que estava realmente à procura da verdade [8]. Era Sócrates. Ele teria ouvido a verdade sobre o amor de uma mulher de Mantinéia, Diotima. Para ela, o amor é fruto da conspiração da Pobreza de ter um filho com Recurso, filho de Prudência. Depois de um banquete em homenagem ao nascimento de Afrodite, banqueteavam-se os Deuses. Recurso exagerou na dose e acabou cochilando no Jardim. A Pobreza aproveitou-se da situação e teve um filho com Recurso, o Amor. Esse filho vive num extremo. Será para sempre pobre em homenagem a mãe. Mas puxou o pai e, portanto, sabe o que é belo e bom. Está sempre à procura disso, mas nunca consegue. Daí porque o amor é necessidade, é desejo. Isso só existe, segundo Sócrates, quando não temos. Afinal, somente se deseja: “[...] o que não está à mão nem consigo, o que não tem, o que não é ele próprio e o de que é carente”. Por isso Romeu e Julieta se amam, porque nunca podem ter um ao outro. O obstáculo é a rixa entre as famílias. Em Tristão e Isolda, o cavaleiro chega a morrer de amor ao acreditar na impossibilidade de ter a Princesa em seus braços. Aqui o empecilho que sustenta o amor entre os pombinhos é a diferença entre classes sociais. Daí porque consideram o amor platônico um sofrimento, o eterno desejo por aquilo que não se tem.
O que importa considerar é que Sócrates não diferencia, em essência, o amor entre seres humanos do amor pelas coisas. Daí aproximar o sentimento de amor ao de posse, à necessidade de ter. Nesse sentido, é amor tanto o desejo de um jovem por uma Ferrari quanto pela mulher que o despreza. Nos dois casos, há desejo pelo que não se tem. O afeto até seria maior pela Ferrari. Afinal, quanto maior é a impossibilidade de ter, maior o desejo. No segundo caso, pelo menos já se tem a amizade da garota, falta uma dose de coragem e competência para usar as palavras certas para acertar o coração da donzela. Da Ferrari, tem-se somente um pôster. O que faz Sócrates é apenas graduar em termos de qualidade o amor. Seria próprio dos jovens, segundo ele [9], desejar coisas/corpos bonitos, enquanto os mais velhos teriam interesse em almas belas. No entanto, em ambos os casos, há necessidade de ter, e, portanto, amor.
O tratamento do amor desvinculado da posse é atribuído sem razão ao gênio de Aristóteles. Isso porque, na Ética eudemeia [10], o autor afirma que amar é regozijar-se. Nesse sentido, amar seria simplesmente alegrar-se com a existência do outro. André Comte, conferencista na Universidade de Paris, esclarece o equívoco. Segundo o autor, quando Aristóteles conceitua o amor dessa forma emprega o termo grego phílis – que quer dizer amizade – e não eros – o amor erótico. O primeiro termo descreveria: “o amor entre os pais e os filhos, ou entre os filhos e os pais [11]”. Seria o amor por aquele que não nos faz falta: “a quem com compartilho a sua vida, e ele(a), a minha” [12]. O termo philis também seria adequado para descrever o amor entre as pessoas casadas, aos companheiros. Já que, segundo André, o amor erótico não sobreviveria ao casamento [13]. Não obstante, o que importa é que Aristóteles não divergia de Sócrates quanto ao conceito de amor erótico e sua vinculação irremediável à idéia de posse.
Ainda segundo a concepção socrática de amor, é preciso distinguir o distanciamento voluntário e involuntário entre o sujeito e o objeto de desejo. Só assim se desmistifica o fato de matar por amor. O amor-erótico está sempre entre os extremos, entre a ignorância do outro ao seu conhecimento total. Aquele que não conhece não pode amar, tampouco aquele que compreende integralmente o outro. É preciso criar fantasia sobre o ser amado, daí a figura do príncipe encantado. Quando ele morre, acaba o amor. A canção de Claude Nougaro (Onde fica o Sena?) ilustra bem isso. Segundo ele: “[...] só que existe o tempo/ e o momento fatal/ em que o marido malvado/ mata o príncipe encantado”. Para que permaneça o amor, deve haver sempre a vontade, o desejo de possuir, de conhecer o objeto do desejo. Portanto, a distância entre o apaixonado e o objeto do desejo deve sempre existir. Mas a aproximação deve sempre ser buscada, ainda que isso diminua o amor. Quem aumenta a distância voluntariamente até aumenta o amor, mas não age em razão dele.
Outros são os motivos de quem mata supostamente por amor. Pode ser o egoísmo de não querer o objeto do desejo com outra pessoa ou até mesmo a ânsia de acabar com o sofrimento gerado pelo amor platônico. O prazer gerado pelo sexo, o total abandono do “eu”, implica o desejo da eterna repetição desse estado livre de preocupação [14]. Daí a dependência pelo corpo, pelo físico. A consciência dessa perturbação, de que pode perder o objeto de desejo por investidas de terceiros, chama-se ciúme [15]. Segundo Krishnamurti [16], nele existe sofrimento, ódio e violência. Além disso, a necessidade de repetir experiências com o objeto do desejo, e a consciência dessa impossibilidade – como um “pé na bunda” bem dado –, gera o sofrimento do amor platônico. Daí o alívio sentido pelos assassinos apaixonados quando extinguem o objeto de desejo.
A intensidade com que esses sentimentos vis se manifestam nos autores de crimes bárbaros sugere a tese de que, nesses casos, haveria um desvio comportamental no agente, uma tendência inata para cometer crimes, um psicopata. A professora Ana Beatriz, Psiquiatra e a autora do best seller “mentes perigosas: o psicopata mora ao lado” defende a existência de indivíduos com personalidade voltada ao crime. Segundo ela, a psicopatia não é uma doença mental. O ato criminoso praticado por esses indivíduos desviados é fruto de : “[...]um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos” [17]. Elenca diversas características comuns aos psicopatas. Segundo a autora, o indivíduo com personalidade desviada, um criminoso em potencial, é espirituoso e divertido, não se constrange quando desmascarado com suas mentiras, tem uma visão narcisista e super valorizada de seus valores e sua importância, além de outras dez características [18].
Para Michel Foucalt, o conceito de psicopata é historicamente demarcado, surgindo com a ascensão da burguesia [19]. Segundo ele, o conceito de psicopata implica dobrar o delito com a criminalidade. Com isso o exame psiquiátrico busca: “[...] toda uma série de outras coisas que não são o delito mesmo, mas uma série de comportamentos, de maneiras de ser que, bem entendido, no discurso do psiquiatra, são apreendidas como a causa, a origem, a motivação, o ponto de partida do delito” [20]. Pesquisar as causas do delito não fazia sentido até o fim do período monárquico, em que não havia equivalência entre a pena e o dano produzido. O crime nessa época não atingia os interesses da sociedade, não representava uma quebra do pacto social. Por menor que fosse, representava uma insurreição contra o soberano [21]. Já o crime monstruoso era anulado em rituais de Soberania, que reconstituía em detalhes e com mais perversidade o próprio ato criminoso, anulando-o [22]. Daí afirmar Foucaut que, no período monárquico: “[...] não há mecânica do crime que seria da alçada de um saber possível; não há mais que uma estratégia de poder, que exibe sua força em torno e a propósito do crime[23]. Prova disso é que a criminologia surgiu apenas entre o fim do século XIX e começo do século XX [24].
O conceito de Psicopata foi criado sob uma aparente racionalidade, para satisfazer os interesses da burguesia. Para Foucalt, a burguesia não apenas ascendeu ao poder. Mas inaugurou uma nova forma de exercê-lo. Segundo ele, essa nova arqueologia permitiu a um só tempo: “[...] majorar os efeitos do poder, diminuir o custo do exercício do poder e integrar o exercício do poder aos mecanismos de produção” [25]. Tudo isso sob uma aparente racionalidade[26] das instituições. O ideal de que a pena deveria corresponder aos danos causados à sociedade permitia economizar despesas com a punição. O atestado de psicopatia permitia aumentar os efeitos do poder, pois punia o criminoso por atos cometidos bem antes do crime e sem qualquer relação aparente com ele, em clara ofensa ao princípio da legalidade. Afinal, como alerta Foucalt, lei nenhuma proibia ser o indivíduo imoral ou amar mais a si que aos outros. O conceito de psicopata seria uma técnica de normalização [27], a imposição de um padrão ético de conduta. A psiquiatria estava avançada, nessa época, e se sabia que os laudos psiquiátricos indicando uma personalidade voltada ao crime eram fajutos, risíveis, grotescos. Foucalt [28] demonstra casos em que a psicopatia era afirmada a partir do gosto do criminoso por jogos e automóveis. Não é coincidência que o homem normal seja conveniente ao burguês. Ele se casa antes dos 30 anos, tem filhos, constitui família e é feliz como empregado.
Como foi possível que a psicopatia se infiltrasse no Judiciário, já que esse conceito atenta contra o princípio da legalidade, outro ideal burguês? A ideia de colocar um psiquiatra para constatar a psicopatia dava autoridade ao laudo, pouco importando o grau de certeza científica da afirmação. Por outro lado, o ideal burguês do princípio da persuasão racional das decisões judiciais permitia que os juízes desprezassem o laudo, decidindo a normalidade do réu a partir de sua convicção pessoal. Na verdade, sempre homologavam o parecer técnico do Psiquiatra. No entanto, o sistema permitia a inserção de um médico que seria ao mesmo tempo, nas palavras de Foucalt, médico-juiz [29], sem tirar o poder do Juiz de Direito. A afronta à legalidade, ao punir o criminoso por atos anteriores ao delito, estava justificada pela aparente racionalidade do laudo médico, proveniente de um saber relacionado às ciências naturais.
Atualmente, a psicopatia também tem servido aos interesses dos donos do poder. O conceito de psicopata ganhou autonomia jurídica. Com isso, o médico-juiz sai de cena e o Juiz de Direito passa a determinar por si só quem é psicopata. No Código Penal (art. 59), o juiz deve determinar a pena-base para o delito, devendo considerar para efeito de cálculo a personalidade voltada ao crime. Isso permitirá estigmatizar o autor do crime, etiquetá-lo na linguagem do labelling aproach (moderna escola criminológica). Considerar o autor do crime um anormal também fundamenta o caráter reeducativo da pena, sua função corretiva (prevenção especial). O que implica, na prática, punir o criminoso além dos danos causados [30]. Sem contar que a etiqueta é feita sob o molde burguês. Isso permite estabelecer um benefício aos burgueses incompetentes, que são presos em suas empreitadas. Os criminosos do “colarinho branco”, por exemplo, não tem sua pena aumentada por suposta personalidade voltada ao crime. Eles não são supostamente perigosos, pois convivem integrados à sociedade. Por outro lado, os psiquiatras passam a utilizar o termo psicopatia no próprio consultório. Angariam novos clientes. Antes, apenas os loucos, agora também os anormais [31].
Aproximar o criminoso da população por meio da negação da ideia de amor-erótico desvinculado da posse e da psicose não implica considerar todos criminosos potenciais. Segundo Freud, o interesse do povo pelas notícias sobre crimes se justifica a partir da identificação entre os instintos do criminoso e os do resto da massa. A moral não destrói esses instintos, que ficam presos no inconsciente, como afirmado. No entanto, isso não impede que a internalização da moral religiosa ou de outros subsistemas sociais signifique para o indivíduo a disposição eterna de não cometer crimes ou determinado tipo de crime. O que não se pode é etiquetá-lo como impotente para a prática de crimes. Isso seria utilizar o conceito de psicopata ao reverso, pois teríamos que avaliar o sujeito a partir de suas ações bondosas, já que sua mente é impenetrável.


Fonte: Caso do Professor que Matou a Aluna o Psicopata Mora ao Lado? - Transtornos Psíquicos - Psicopatologia - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/caso-do-professor-que-matou-a-aluna-o-psicopata-mora-ao-lado#ixzz1rIP1NaAF

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Posto, logo existo. (Marta Medeiros)

Posto, Logo existo

Começam a pipocar alguns debates sobre as consequências de se passar tanto tempo conectado à internet. Já se fala em "saturação social", inspirado pelo recente depoimento de um jornalista do "The New York Times;' que afirmou que sua produtividade no trabalho estava caindo por causa do tempo consumido por Facebook, Twitter e agregados, e que se vê hoje diante da escolha entre cortar seus passeios de bicicleta ou "alguns desses hábitos digitais que estão me comendo vivo".

Antropofagia virtual. O Brasil, pra variar, está atrasado (aqui, dois terços dos usuários ainda atualizam seus perfis semanalmente), pois no resto do mundo já começa a ser articulado um movimento de desaceleração dessa tara por conexão: hotéis europeus prometem quartos sem wi-fi como garantia de férias tranquilas, empresas americanas desenvolvem programas de softwares que restringem o acesso a web, e na Ásia crescem os centros de recuperação de viciados em internet. Tudo isso por uma simples razão: existir é uma coisa, viver é outra. Penso, logo existo. Descartes teria que reavaliar esse seu cogito, ergo sum, pois as pessoas trocaram o verbo pensar por postar. Posto, logo existo.

Tão preocupadas em existir para os outros, as pessoas estão perdendo um tempo valioso em que poderiam estar vivendo, ou seja, namorando, indo à praia, trabalhando, viajando, lendo, estudando, cercados não por milhares de seguidores, mas por umas poucas dezenas de amigos. Isso não pode ter se tornado tão obsoleto.

Claro que muitos usam as redes sociais como uma forma de aproximação, de resgate e de compartilhamento - numa boa. Se a pessoa está no controle do seu tempo e não troca o virtual pelo real, está fazendo bom uso da ferramenta. Mas não tem sido a regra. Adolescentes deixam de ir a um parque para ficarem trancafiados em seus quartos, numa solidão disfarçada de socialização. Isso acontece dentro da minha casa também, com minhas filhas, e não adianta me descabelar, elas são frutos da sua época, os amigos se comunicam assim, e nem batendo com um gato morto na cabeça delas para fazê-las entender que a vida está lá fora. Lá fora!! Não me interessa que elas existam pra Tati, pra Rô, pro Cauê. Quero que elas vivam.

O grau de envolvimento delas com a internet ainda é mediano e controlado, mas tem sido agudo entre muitos jovens sem noção, que se deixam fotografar portando armas, fazendo sexo, mostrando o resultado de suas pichaçôes, num exibicionismo triste, pobre, desvirtuado. São garotos e garotas que não se sentem com a existência comprovada, e para isso se valem de bizarrices na esperança de deixarem de ser "ninguém" para se tornarem "alguém", mesmo que alguém medíocre.

Casos avulsos, extremos, mas estão aí, ao nosso redor. Gente que não percebe a diferença entre existir e viver. Não entendem que é preferível viver, mesmo que discretamente, do que existir de mentirinha para 17.870 que não estão nem aí.



Marta Medeiros - "Posto, logo existo"