quarta-feira, 31 de julho de 2013

PREFEITURA DE SALVADOR TEM NOVO SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO

Prefeitura tem novo secretário da Educação



O professor, engenheiro e economista Jorge Khoury Hedaye será o novo secretário Municipal da Educação. Ele assume o cargo amanhã (31) em ato na sede da SMED e substitui o atual titular da pasta, deputado João Carlos Bacelar, que deixa o cargo a pedido para retomar o mandato na Assembléia Legislativa e se dedicar ao debate de temas de interesse estadual e nacional.

O prefeito ACM Neto acatou o pedido de afastamento de João Bacelar e fez questão de destacar a grande contribuição do secretário no período em que comandou a educação municipal: “É um parceiro e amigo, que trabalhou com afinco e competência no exercício do cargo. Nos deixa para enfrentar os desafios do Parlamento e certamente com o sucesso que sempre obteve nos cargos que exerceu. Ele volta ao Legislativo para trabalhar com a inteligência e o brilhantismo que sempre marcou a sua atuação”.

O novo secretário municipal de Educação é dono de extenso currículo, tendo sido professor da Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco (Juazeiro), prefeito de Juazeiro, deputado federal (1991/2011), secretário de estado nas pastas de Indústria, Comércio e Mineração e de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Foi também presidente da Companhia de Transporte de Salvador (CTS) até esta ser transferida para o governo do estado. Atualmente, é consultor na área de sustentabilidade.

Emilia Ferreiro, a estudiosa que revolucionou a alfabetização

A psicolinguista argentina desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever, o que levou os educadores a rever radicalmente seus métodos


Biografia


Emilia Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979. Emilia é hoje professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde mora. Além da atividade de professora - que exerce também viajando pelo mundo, incluindo frequentes visitas ao Brasil -, a psicolinguista está à frente do sitewww.chicosyescritores.org, em que estudantes escrevem em parceria com autores consagrados e publicam os próprios textos.

Nenhum nome teve mais influência sobre a educação brasileira nos últimos 30 anos do que o da psicolinguista argentina Emilia Ferreiro. A divulgação de seus livros no Brasil, a partir de meados dos anos 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais. As obras de Emilia - Psicogênese da Língua Escrita é a mais importante - não apresentam nenhum método pedagógico, mas revelam os processos de aprendizado das crianças, levando a conclusões que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. "A história da alfabetização pode ser dividida em antes e depois de Emilia Ferreiro", diz a educadora Telma Weisz, que foi aluna da psicolinguista.


Emilia Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança - ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o construtivismo um método.

Tanto as descobertas de Piaget como as de Emilia levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas constroem o próprio conhecimento - daí a palavra construtivismo. A principal implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola - e da alfabetização em particular - do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende, ou seja, o aluno. "Até então, os educadores só se preocupavam com a aprendizagem quando a criança parecia não aprender", diz Telma Weisz. "Emilia Ferreiro inverteu essa ótica com resultados surpreendentes."

O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e não simplesmente repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o ensino recebido. No caso da alfabetização isso implica uma transformação da escrita convencional dos adultos (leia mais sobre as hipóteses elaboradas pelas crianças na tentativa de explicar o funcionamento da escrita). Para o construtivismo, nada mais revelador do funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros, porque evidenciam como ele "releu" o conteúdo aprendido. O que as crianças aprendem não coincide com aquilo que lhes foi ensinado.

Compreensão do conteúdo

Com base nesses pressupostos, Emilia Ferreiro critica a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliações de percepção (capacidade de discriminar sons e sinais, por exemplo) e de motricidade (coordenação, orientação espacial etc.).
Grandes Diálogos NOVA ESCOLA

Dessa forma, dá-se peso excessivo para um aspecto exterior da escrita (saber desenhar as letras) e deixa-se de lado suas características conceituais, ou seja, a compreensão da natureza da escrita e sua organização. Para os construtivistas, o aprendizado da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita.

É por não levar em conta o ponto mais importante da alfabetização que os métodos tradicionais insistem em introduzir os alunos à leitura com palavras aparentemente simples e sonoras (como babá, bebê, papa), mas que, do ponto de vista da assimilação das crianças, simplesmente não se ligam a nada. Segundo o mesmo raciocínio equivocado, o contato da criança com a organização da escrita é adiado para quando ela já for capaz de ler as palavras isoladas, embora as relações que ela estabelece com os textos inteiros sejam enriquecedoras desde o início.

Segundo Emilia Ferreiro, a alfabetização também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. De acordo com suas conclusões, desempenhos díspares apresentados por crianças de classes sociais diferentes na alfabetização não revelam capacidades desiguais, mas o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida.

Sala de aula vira ambiente alfabetizador 

Uma das principais consequências da absorção da obra de Emilia Ferreiro na alfabetização é a recusa ao uso das cartilhas, uma espécie de bandeira que a psicolinguista argentina ergue. Segundo ela, a compreensão da função social da escrita deve ser estimulada com o uso de textos de atualidade, livros, histórias, jornais, revistas. Para a psicolinguista, as cartilhas, ao contrário, oferecem um universo artificial e desinteressante. Em compensação, numa proposta construtivista de ensino, a sala de aula se transforma totalmente, criando-se o que se chama de ambiente alfabetizador.
Ambiente alfabetizador em escola gaúcha nos anos 1980: Emilia Ferreiro inspira políticas oficiais. Foto: Paulo Franken
Ambiente alfabetizador em escola  gaúcha nos anos 1980: Emilia Ferreiro  inspira políticas oficiais.
Idéias que o Brasil adotou
As pesquisas de Emilia Ferreiro e o termo construtivismo começaram a ser divulgados no Brasil no início da década de 1980. As informações chegaram primeiro ao ambiente de congressos e simpósios de educadores. O livro-chave de Emilia, Psicogênese da Língua Escrita, saiu em edição brasileira em 1984. As descobertas que ele apresenta tornaram-se assunto obrigatório nos meios pedagógicos e se espalharam pelo Brasil com rapidez, a ponto de a própria autora manifestar sua preocupação quanto à forma como o construtivismo estava sendo encarado e transposto para a sala de aula. Mas o construtivismo mostrou sua influência duradoura ao ser adotado pelas políticas oficiais de vários estados brasileiros. Uma das experiências mais abrangentes se deu no Rio Grande do Sul, onde a Secretaria Estadual de Educação criou um Laboratório de Alfabetização inspirado nas descobertas de Emilia Ferreiro. Hoje o construtivismo é a fonte da qual derivam várias das diretrizes oficiais do Ministério da Educação. Segundo afirma a educadora Telma Weisz na apresentação de uma das reedições de Psicogênese da Língua Escrita, "a mudança da compreensão do processo pelo qual se aprende a ler e a escrever afetou todo o ensino da língua", produzindo "experimentação pedagógica suficiente para construir, a partir dela, uma didática".



ANATOMIA DO GATO: OS OLHINHOS

Anatomia do gato: olhos

Os olhos são as janelas da alma, e isso é ainda mais evidente nos olhos de um gato. Quem nunca se viu hipnotizado pelos lindos olhos dos nossos amigos felinos? Com seus azuis e verdes impossíveis, ou tons de ouro e âmbar líquido, não tem como não nos perdermos nas profundezas desse olhar. Mas mais do que lindos, os olhos dos gatos têm uma função muito importante na sua sobrevivência, e nos ensinam várias coisas sobre o estado de espírito e a saúde dos nossos peludos. É só sabermos olhar.
E pra que olhos tão grandes? É pra poder te ver melhor!
Grandes, intensos e simplesmente lindos, os olhos do gato são ferramentas perfeitas para capturar o mais leve dos movimentos, ajudando-os na caça de presas. A sua característica mais intrigante é o tamanho. Se olharmos as proporções iremos perceber que os olhos são significativamente grandes se comparados com o tamanho da cabeça. Essa é uma característica típica de animais noturnos, como por exemplo a coruja. Olhos grandes permitem que os animais noturnos capturem muito mais luminosidade do ambiente.
A visão noturna dos gatos é muito superior à dos humanos. No entanto, apesar de conseguirem ver claramente com somente 1/6 da iluminação que nós precisamos, não é verdade que eles conseguem ver na escuridão total. Nos felinos, os músculos da íris que circundam as pupilas são construídos de modo a permitir que elas se contraiam verticalmente, formando uma fenda, e dilatem até ocupar quase todo o globo ocular, permitindo a entrada do máximo de luz.
Além disso, existe uma camada refletora por trás da retina do gato chamada de tapetum lucidum, que funciona como um espelho e reflete a luz que entra nos olhos para que o maior número possível de cones a receba, otimizando a visão em situações de baixa luminosidade. É essa membrana refletora que faz com que os olhos do gato brilhem no escuro quando recebem luz direta, como de um flash ou de um faról, por exemplo. A visão do gato pode ser extremamente eficiente em condições de baixa luminosidade, mas durante o dia é inferior à nossa! Se a visão humana normal é 20/20, então a do gato é 20/100. Ele tem uma excelente visão para objetos distantes, mas de perto os objetos ficam pouco nítidos. Talvez seja por isso que os gatos façam o ‘teste do cheiro’ quando cumprimentam seus amigos.
Felinos também têm uma incrível percepção de profundidade, o que permite que eles calculem distâncias muito melhor que os humanos, e dêem aqueles saltos incríveis. Mas, por incrível que pareça, o sentido da visão nos gatos é na verdade a menor de suas habilidade cognitivas.

Problemas de saúde
Assim como nos humanos, as pupilas de um gato devem ter, normalmente, o mesmo tamanho. Uma alteração no tamanho da pupila de um dos olhos pode indicar uma série de condições, desde coisas simples até as mais sérias. Entre elas podemos citar:
  • inflamação do olho
  • síndrome de Horner (um problema neurológico)
  • FelV (pode causar espasmos da pupila)
  • tumores
  • dano ao sistema nervoso central
Os gatos estão sujeitos a várias doenças oculares a que nós humanos também estamos, inclusive catarata, glaucoma e conjuntivite. A conjuntivite, se causada pela bactéria clamídia, pode ser contagiosa a humanos. Se não forem devidamente tratados em tempo, problemas oculares de qualquer tipo podem progredir inclusive para a cegueira.
A terceira pálpebra
Gatos possuem uma terceira pálpebra interna chamada membrana nictitante, que serve para proteger os olhos de secura e/ou danos. Apesar de não a vermos quando o gato está acordado e com os olhos totalmente abertos, podemos ver um sinal dela quando o gato acorda de repente e entreabre os olhos. Essa membrana se localiza no canto interno dos olhos, e tem uma aparência leitosa. Em circunstâncias normais a terceira pálpebra não deve ser visível, mas quando um gato está doente ela irá se fechar parcialmente, podendo cobrir todo o olho, o que é um sinal para levá-lo imediatamente ao veterinário se algum outro sintoma se manifestar juntamente com esse.
Cores e mais cores
Vocês sabiam? TODOS os gatos nascem com os olhos azuis. Com o passar dos meses a cor pode ir se alterando, e ficar verde, amarela, ou cobre…e algumas vezes permanece azul. A cor dos olhos está relacionada com a cor dos pelos:
  • Gatos com manchas nas pontas (focinho, patas e rabo) como os siameses possuem olhos azuis. Os SRD “sialatas” entram nessa categoria.
  • Gatos brancos e gatos com muitas manchas brancas podem ter olhos azuis, verdes, amarelos, cobre, apenas um azul e outro verde ou amarelo.
  • Gatos pretos com olhos azuis não existem, ou se existem são uma exceção às regras da genética. Os gatos pretos sempre têm olhos verdes, ou olhos amarelos/cobre. Ou ambos, a cor muda dependendo do dia/humor do gato!
Os olhos são janelas da alma
O estado de espírito de um gato se reflete em seus olhos. A pupila dos olhos de um felino pode dilatar até cinco vezes o seu tamanho normal quando o animal está assustado ou se sente ameaçado, ou ainda quando está muito agitado, como um filhote brincando, por exemplo. Em condições normais de iluminação, um gato feliz deve apresentar pupilas pequenas, no formato de uma fenda no centro do globo ocular. Olhos semi-fechados significam um felino contente e relaxado.
Curiosidades
  • Gatos não conseguem ver diretamente sob o seu nariz, eles têm um ponto cego! Você pode testar isso colocando um petisquinho bem abaixo do nariz dele…ele irá sentir o cheiro, mas terá que procurar antes de achar o petisco.
  • Gatos enxergam cores sim. A sua habilidade de ver cores não é aguçada como a nossa, mas eles conseguem distinguir algumas cores, principalmente roxo, azul e verde, ao passo que o vermelho não é tão percebido.
  • A maioria dos gatos brancos de olhos azuis são surdos. Um gato branco com olhos bicolores (um azul e outro verde ou amarelo) frequentemente é surdo do lado do olho azul.
  • Gatos ‘beijam’ com os olhos. Você já pegou seu gatinho olhando para você por um longo momento, e então vagarosamente ele piscou os olhos? Esse é o equivalente a um beijo felino, e você deve se considerar lisonjeado. É lógico que uma mordidinha no nariz também é uma maneira deles darem um beijo. Se você quiser mostrar ao seu gato o quanto o ama, retribua o beijo felino. Não, não no nariz! Somente olhe longamente para ele e então pisque vagarosamente, e veja o que acontece :-)

terça-feira, 30 de julho de 2013

RESULTADO SELEÇÃO ALUNO ESPECIAL 2013.2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE - PPGEduC

1. Os candidatos aprovados deverão efetivar matrícula entre os dias 01, 02 e 05 de
agosto de 2013, na Secretaria Acadêmica do PPGEduC, das 08:00h às 12:00h. Para a
efetivação da matrícula, os alunos selecionados deverão apresentar o documento de
identidade.

2. A não efetivação da matrícula implicará na eliminação do candidato, portanto,
no caso de impossibilidade de comparecimento do candidato, apresentar procuração

BOA SORTE A TODOS E TODAS!!!
correspondente.

EPC006 - EDUCAÇÃO E PLURALIDADE CULTURAL

ANA PAULA PINTO PITHON
CAROLINA MESSIAS CALDAS
CAROLINE ALCANTARA DUARTE
FABIANE SANTANA OLIVEIRA
JOELMA CERQUEIRA DE OLIVEIRA
KATIANE ALVES
LAÍS REIS RIBEIRO
LEILA GRAZIELE DIAS DE ALMEIDA
LUIZ CARLOS SERQUEIRA DA COSTA
MARY LUCIA SOUTO GALVÃO
MICHELE SENA DA SILVA
MIGUEL ANGELO VELANES BORGES
SELMA SOARES DE OLIVEIRA
TAISE DOS ANJOS SANTOS
WASLEY DE JESUS SANTOS
WILLYS BEZERRA DOS SANTOS

FE006 - FORMAÇÃO DO EDUCADOR

ADRIANA DA CONCEIÇÃO DE JESUS SANTANA
DANIELA FERREIRA BARROS
ENOILMA SIMÕES PAIXÃO CORREIA SILVA
LIANA COSTA PINTO PERTIGAS
LUCIELMA MOREIRA DA SILVA
MAXIMIANO MARTINS DE MEIRELES
MICHELINE LIBERATO MARQUES DE AZEVEDO
RITA CINÉIA MENESES SILVA
ROQUE DOS SANTOS MACEDO
ROSANA ARAÚJO DA SILVA AMORIM
SANDRA REGINA NERY DOS SANTOS RIBEIRO
TELMA CRUZ COSTA
VANESSA MARIA DE CARVALHO BOMFIM
YARA DA PAIXÃO TRINDADE

PEB007 - POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA

ANDRÉIA MAGALHÃES FERREIRA
CRISTINA SANTOS DE SOUZA
DORALICE MARQUES DE ARAÚJO CERQUEIRA
EDSON BARRETO LIMA
FRANCYS PAULA SANTOS FIGUEIREDO
ISABEL SALVIANO DA SILVA
LEANDRO RODRIGUES DE ARAUJO
LEILA LEANDRA CESAR GU
LIANA COSTA PINTO PERTIGAS
LILIANE MENDES CARNEIRO
MICHELLE RIOS LOPES
MURILO PINTO SILVA SANTOS
ODILIO DA SILVA SANTOS
RITA CINÉIA MENESES SILVA
SIMONE NEVES PINTO
VANESSA MARIA DE CARVALHO BOMFIM
VERONICA NUNES GORDIANO

EPT006 - EDUCAÇÃO E PROCESSOS TECNOLÓGICOS

ANA VITÓRIA DA PAIXÃO SILVA
LILIAN MÁRCIA DE MELLO ATHAYDE
LUCIANA APARECIDA DE MIRANDA
MAIRA PORTOFÉ DE MELLO
RÓDNEI ALMEIDA SOUZA
SUIANE COSTA FERREIRA
THAISA ALVES BRANDÃO

TEE077 -  SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

CAMILA MAGALHÃES CARVALHO
CLAUDIO DE AGUIAR
ERICA LIMA DA LUZ
ESTER SILVA PRATES CARIGÉ
FLÁVIA RODRIGUES SAMPAIO
FRANCIS PAULA SANTOS FIGUEIREDO
GRAZIELA SILVA FERREIRA
IVO MEDEIROS DE CARVALHO AMORIM
LEILA LEANDRA CESAR GUEVARA
LILIANE GÓES REGIS DOS REIS
LUIZ CARLOS SERQUEIRA DA COSTA
MAYSA MARIA SILVA DE MIRANDA
SANDRA REGINA NERY DOS SANTOS RIBEIRO
SIMONE MARIA TEIXEIRA DOS SANTOS
WASHINGTON SANTANA DE JESUS

TEE071 - EDUCAÇÃO, CULTURA E LINGUAGENS

ALINE BASTOS COSTA
ANDRÉA ANDRADE DE MATOS
DIANA BRITO PAIVA
DIEGO ARC CERQUEIRA SOUZA E CRUZ
EDUARDO OLIVEIRA MIRANDA
ELAINE CRISTINA GUARNIERI SANTOS
EREMITA TÂNIA DA PAIXÃO
FÁBIO OLIVEIRA NASCIMENTO
FLAVIA ALVES DOS SANTOS
HELLEN MABEL SANTANA SILVA
HUMBELINA SANTOS DA SILVA
ISADORA SANTOS BARBOSA
JOSÉ SILVA
LARISSA DE SOUZA REIS
LÍCIA DO ESPÍRITO SANTOS VIANNA
LUCIETE DE CÁSSIA SOUZA LIMA BASTOS
MANUELA AZEVEDO CARVALHO
MARIA EMILIA DANTAS DIAS DE AQUINO
MAX RANGEL DAS NEVES
RÉGIA IGNEZ MOURA RIBEIRO DOS ANJOS
SELMA SOARES DE OLIVEIRA
SÉRGIO CARINHANHA SETUBAL
TERPSYCHORE DIMAS QUIRINO
THAIS SOUZA DOS SANTOS

TEE075 - RAZÃO, CULTURA E CONTEMPORANEIDADE

ANA VERENA OLIVEIRA SILVA
ANTONIO PEDRO DE AZEVEDO FILHO
CARLOS ALBERTO MARQUES DE FREITAS
CELESTE VIRGÍNIA MORAES ROSA
FLAVIA ALVES DOS SANTOS
JOCILENE MOREIRA ALVES
MARCOS JOSÉ DE SOUZA
MARIELE CÉSAR DE AZEVEDO
MICHELE SANTOS DE MENESES
MILLE CAROLINE RODRIGUES FERNANDES
PATRÍCIA VERBENA CERQUEIRA CONTENAS
PAULO ROBERTO DE SOUZA SANTOS
RITA DE CÁSSIA LEITÃO SANTOS
SÉRGIO RICARDO SANTOS DA SILVA
UBIANE OITICICA PORTO REIS

TEE034
ABORDAGEM (AUTO)BIOGRÁFICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES E DE LEITORES

AIRÁ MANUEL SANTANA DOS SANTOS
ALFREDO ARLINDO DOS REIS NETO
ALINE BASTOS COSTA
ANDREIA SANTOS MORENO
ÂNGELA GONÇALVES NERY REOL
CARLA SOUZA FAGUNDES
CELESTE APARECIDA PIMENTEL
CLEIDE SELMA ALECRIM PEREIRA
CRISTIANE DE JESUS FERREIRA
FABIANE SANTANA OLIVEIRA
FABIULA MOURA DE SOUZA BOMFIM
HUMBELINA SANTOS DA SILVA
LUCIMERE LOBO DE OLIVEIRA ALMEIDA
MARIA EMÉRITA JAQUEIRA FERNANDES
NAYARA SANTOS SOUZA
OTILIMILIA PEDREIRA DOS SANTOS
ROBERTA OLIVEIRA CUNHA
SHEILA RODRIGUES DOS SANTOS
SUSIARA MOREIRA REIS COUTINHO
YALE CUNHA AVELINO

TEE055
INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E NOVAS MÍDIAS

ACÁCIO DE ASSUNÇÃO FERREIRA JUNIOR
ANDREIA SANTOS MORENO
CAROLINA MOURA DE SOUZA
ELCIONE CARVALHO SANTOS
ENOILMA SIMÕES PAIXÃO CORREIA SILVA
GIULIA ANDIONE REBOUÇAS FRAGA
GLUCIO ALÃ VASCONCELOS MOREIRA
JACIARA COSTA ANDRADE
JEAN CARLOS CERQUEIRA PEREIRA
JOANA DA SILVA LIMA
MARIA HELENA DA SILVA REIS SANTOS
ROBERTA OLIVEIRA CUNHA
ROQUE DOS SANTOS MACEDO
ROSANA ARAÚJO DA SILVA AMORIM
SIDCLEY DALMO TEIXEIRA CALDAS
VANESSA SANTOS PEDRO
VERA LÚCIA GOMES DA SILVA

TEE074
EDUCAÇÃO, NARRATIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS E RURALIDADES

ADRIANA CONCEIÇÃO DE JESUS SANTANA
ANA CRISTINA SILVA DE OLIVEIRA PEREIRA
EDILANGE BORGES DE SOUZA
FABRÍCIO OLIVEIRA DA SILVA
JULIANE COSTA SILVA
MARIA SUELI PEREIRA DA SILVA
ROMENIA BARBOSA DE CARVALHO
SUSIARA MOREIRA REIS COUTINHO
YARA DA PAIXÃO FERREIRA

TEE062
EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS

ADRIANA MOURA COSTA
ALCIMAR MEIRELLES DOS SANTOS
ANA PAULA PINTO PITHON
BRENO VIEIRA PIMENTEL
CLEONICE DA SILVA SANTOS
CRISTINA SANTOS DE SOUZA
DEJIÁRIA SANTIAGO DE JESUS
ELIANE CRUZ MACIEL
ESTER SILVA PRATES CARIGÉ
GERUSA CRUZ SOBREIRA
IVO MEDEIROS DE CARVALHO AMORIM
LILIANE MENDES CARNEIRO
MERCIA DE SOUZA BARBOSA
MICHELINE LIBERATO MARQUES DE AZEVEDO
MOACIR FREITAS BORGES
ODÍLIO DA SILVA SANTOS
PAULO ROBERTO DE SOUZA SANTOS
RITA DE CÁSSIA NASCIMENTO DE JESUS
VALNICE SOUSA PAIVA
VERÔNICA NUNES GORDIANO

TEE065
TEORIA DOS JOGOS ELETRÔNICOS

ADRIANA MELO SANTOS
ANA CLEIDE SANTOS DE SOUZA
BRENO VIEIRA PIMENTEL
DANILO SÉRGIO CAMPOS DIAS
ELICARLAS ALMEIDA DO ROSÁRIO
ELIZABETH ABREU MALUF
FRANK VIEIRA DOS SANTOS
GIULIA ANDIONE REBOUÇAS FRAGA
ISAIL CRISTINA DE ARAÚJO SOARES
JANAÍNA EMANUELLE DA SILVA SANTOS RIBEIRO
JESSE NERY FILHO
JOABSON LIMA FIGUEIREDO
NAURELICE MAIA DE MELO
NOEMIA CARNEIRO DE ARAUJO
PATRÍCIA FARIAS CALDAS DE SENA
PATRÍCIA PEREIRA DA SILVA MACHADO
SIMARA PAULINA DA SILVA OLIVEIRA
SIRLAINE PEREIRA NASCIMENTO DOS SANTOS
VERENA DE MELO FREIRE
VITOR RIOS DE JESUS

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Edgar Morin

Edgar Morin, o arquiteto da complexidade


Sociólogo francês propõe a religação dos saberes com novas concepções sobre o conhecimento e a educação

Márcio Ferrari

Biografia

Edgar Morin nasceu em 1921 em Paris. Seu nome verdadeiro é Edgar Nahoum. Fez os estudos universitários de História, Geografia e Direito na Sorbonne, onde se aproximou do Partido Comunista, ao qual se filiou m 1941. Teve papel ativo no movimento de resistência à ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Depois do fim da guerra, participou da ocupação da Alemanha. Em 1949, distanciou-se do PC, que o expulsou dois anos depois. Ingressou no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), onde realizou um dos primeiros estudos etnológicos produzidos na França, sobre uma comunidade da região da Bretanha. Criou o Centro de Estudos de Comunicações de Massa e as revistas Arguments e Comunication. Em 1961 rodou o filme Crônica de um Verão em parceria com o documentarista Jean Rouch. Em seguida, fez uma série de viagens à América Latina. Em 1968 começou a lecionar na Universidade de Nanterre. Passou um ano no Instituto Salk de Estudos Biológicos em La Jolla, na Califórnia, onde acompanhou descobertas da genética. Redigiu em 1994, com o semiólogo português Lima de Freitas e o físico romeno Basarab Nicolescu, um manifesto a favor da transdisciplinaridade. Em 1998, promoveu, com o governo francês, jornadas temáticas que originaram o livro A Religação dos Saberes. Em 2002, a Justiça o condenou por difamação racial devido a um artigo no qual dizia que "os judeus, que foram vítimas de uma ordem impiedosa, impõem sua ordem impiedosa aos palestinos". Morin, que é judeu, pagou 1 euro como pena simbólica. Ainda diretor de pesquisas no CNRS, ele é doutor honoris causa em universidades de vários países e presidente da Associação para o Pensamento Complexo.

A Era da Incerteza
Equação da física de partículas, parte da teoria quântica: novas visões de mundo. Foto: Ria Novosti/Science Photo Library/ Stock Photos
Equação da física de partículas, parte da teoria quântica: novas visões de mundo.
O início do século 20 foi marcado por duas revoluções científicas: a teoria da relatividade de Albert Einstein (1858-1947) e a mêcanica quântica de Max Planck (1879-1955). Ambas obrigaram a humanidade a rever doutrinas e tiveram aplicações nas mais diversas áreas, da filosofia à indústria bélica. A teoria quântica, por exemplo, derrubou certezas da Física e as substituiu pela noção de probabilidade. A relatividade pôs em questão os conceitos de espaço e tempo. Para completar, na termodinâmica, Niels Bohr (1885-1962) chegou à necessidade de tratar as partículas físicas tanto como corpúsculos quanto como ondas. Quando tudo parecia incerto e relativo, a teoria do caos, já na segunda metade do século, veio, de certa forma, na direção oposta, ao demonstrar que também nos sistemas caóticos existe ordem. Essas e outras reformulações do conhecimento humano levaram Morin a definir sete "princípios-guia" da complexidade, interdependentes e complementares. São eles os princípios sistêmico (o todo é mais do que a soma das partes), hologramático (o todo está em cada parte), do ciclo retroativo (a causa age sobre o efeito e vice-versa), do ciclo recorrente (produtos também originam aquilo que os produz), da auto-eco-organização (o homem se recria em trocas com o ambiente), dialógico (associação de noções contraditórias) e de reintrodução do conhecido em todo conhecimento.



Pré-história do saber

Acima de tudo, o sociólogo francês defende a introdução da incerteza e da falibilidade na rigidez cultural do Ocidente. As limitações causadas pela compartimentação do conhecimento, de acordo com o educador, são responsáveis por manter o espírito humano em sua pré-história. Além disso, a tendência de aplicar conceitos abstratos vindos das ciências exatas e naturais ao universo humano resulta em desconsideração por aspectos como o ambiente, a história e a psicologia, entre outros. Um exemplo, diz o pensador, é a economia, a mais avançada das ciências sociais em termos matemáticos e a menos capaz de trabalhar com regularidades e previsões.

Para recuperar a complexidade da vida nas ciências e nas atividades humanas, Morin recomenda um pensamento crítico sobre o próprio pensar e seus métodos, o que implica sempre voltar ao começo. Não se trata de círculo vicioso, mas de um procedimento em espiral, que amplia o conhecimento a cada retorno e, assim, se coaduna com o fato de o homem ser sempre incompleto - o aprendizado é para toda a vida. "A reforma do pensamento pressupõe a consciência de si e do mundo", diz Izabel Cristina. "Ela decorre da reforma das instituições e vice-versa." 

Nos processos em espiral, é necessário conhecer os conceitos de ordem, desordem e organização. Do ponto de vista da complexidade, ordem e desordem convivem nos sistemas. O que diferencia o todo da soma das partes é o que Morin denomina comportamento emergente. Nos seres humanos, a dinâmica entre ordem e desordem se subordina à idéia de auto-eco-organização: a transformação extrapola o indivíduo, se estendendo ao ambiente circundante. Uma vez que tudo está interligado, a solidariedade é tida pelo sociólogo como peça fundamental para superar aquilo que denomina crise planetária - uma situação de impotência diante de incertezas que se acumulam. 

Ouvir os jovens

Não há espaço em que a fragmentação do conhecimento esteja tão explícita quanto na escola, com sua estrutura tradicional de parcelamento do tempo em função de disciplinas estanques. Por outro lado, a diversidade de sujeitos e objetos em busca de conexões fazem da sala de aula um fenômeno complexo, ideal para iniciar o processo de mudança de mentalidades defendida por Morin. A meta é a transdisciplinaridade. "Só convencido de que tudo se liga a tudo e de que é urgente aprender a aprender, o educador adquirirá uma nova postura diante da realidade, necessária para uma prática pedagógica libertadora", observa Izabel Cristina.

Contra a idéia arraigada de que a decomposição do conhecimento responde à suposta limitação intelectual das crianças, o pensador afirma que elas têm as mesmas inquietações dos adultos. Ouvir os alunos, naturalmente sintonizados com o presente, é a melhor maneira de o professor investir na própria formação. Esse também é o caminho para construir um programa de ensino focado no próprio estudante e suas referências culturais, porque as grandes metas da educação deveriam ser o desenvolvimento da compreensão e da condição humana. Segundo Morin, o profissional mais preparado para operar essa mudança de enfoque é o professor generalista dos primeiros anos do Ensino Fundamental, por ter uma visão ampla do processo.


Mudanças profundas ocorreram em escala mundial nas últimas décadas do século 20, entre elas o avanço da tecnologia de informação, a globalização econômica e o fim da polarização ideológica entre capitalismo e comunismo nas relações internacionais. Diante desse cenário, o sociólogo francês Edgar Morin, hoje com 87 anos, percebeu que a maior urgência no campo das idéias não é rever doutrinas e métodos, mas elaborar uma nova concepção do próprio conhecimento. No lugar da especialização, da simplificação e da fragmentação de saberes, Morin propõe o conceito de complexidade.

Ela é a idéia-chave de O Método, a obra principal do sociólogo, que se compõe de seis volumes, publicados a partir de 1977. A palavra é tomada em seu sentido etimológico latino, "aquilo que é tecido em conjunto". O pensamento complexo, segundo Morin, tem como fundamento formulações surgidas no campo das ciências exatas e naturais, como as teorias da informação e dos sistemas e a cibernética, que evidenciaram a necessidade de superar as fronteiras entre as disciplinas. "Ele considera a incerteza e as contradições como parte da vida e da condição humana e, ao mesmo tempo, sugere a solidariedade e a ética como caminho para a religação dos seres e dos saberes", diz Izabel Cristina Petraglia, professora do Centro Universitário Nove de Julho, em São Paulo. 

Para o pensador, os saberes tradicionais foram submetidos a um processo reducionista que acarretou a perda das noções de multiplicidade e diversidade. A simplificação, de acordo com Morin, está a serviço de uma falsa racionalidade, que passa por cima da desordem e das contradições existentes em todos os fenômenos e nas relações entre eles.

Sete Saberes Indispensáveis
Tecnologia na escola: tópico para lidar com a fartura de informações. Foto: JupiterImages/AFP
Tecnologia na escola: tópico para lidar com  a fartura de informações.
Em sua defesa da religação dos saberes, Morin tocou numa inquietação disseminada nos dias atuais, quando a tecnologia permite um acesso inédito às informações. Por isso a Organização das Nações Unidas pediu a ele uma relação dos temas que não poderiam faltar para formar o cidadão do século 21. Assim nasceu o texto Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. A lista começa com o estudo do próprio conhecimento. O segundo ponto é a pertinência dos conteúdos, para que levem a "apreender problemas globais e fundamentais". Em seguida vem o estudo da condição humana, entendida como unidade complexa da natureza dos indivíduos. Ensinar a identidade terrena é o quarto ponto e refere-se a abordar as relações humanas de um ponto de vista global. O tópico seguinte é enfrentar as incertezas com base nos aportes recentes das ciências. O aprendizado da compreensão, sexto item, pede uma reforma de mentalidades para superar males como o racismo. Finalmente, uma ética global, baseada na consciência do ser humano como indivíduo e parte da sociedade e da espécie.

sábado, 27 de julho de 2013

Pierre Bourdieu

Pierre Bourdieu, o investigador da desigualdade

O sociólogo francês detectou mecanismos de conservação e reprodução em todas as áreas da atividade humana, entre elas, o sistema educacional


Biografia

Pierre Bourdieu nasceu em 1930 no vilarejo de Denguin, no sudoeste da França. Fez os estudos básicos num internato em Pau, experiência que deixou nele profundas marcas negativas. Em 1951 ingressou na Faculdade de Letras, em Paris, e na Escola Normal Superior. Três anos depois, graduou-se em filosofia. Prestou serviço militar na Argélia (então colônia francesa), onde retomou a carreira acadêmica e escreveu o primeiro livro, sobre a sociedade cabila. De volta à França, assumiu a função de assistente do filósofo Raymond Aron (1905-1983) na Faculdade de Letras de Paris e, simultaneamente, filiou-se ao Centro Europeu de Sociologia, do qual veio a ser secretário-geral. Bourdieu publicou mais de 300 títulos, entre livros e artigos. Fundou as publicações Actes de la Recherche en Sciences Sociales e Liber. Em 1982, propôs a criação de uma "sociologia da sociologia" em sua aula inaugural no Collège de France, levando esse objetivo em frente nos anos seguintes. Quando morreu de câncer, em 2002, foi tema de longos perfis na imprensa européia. Um ano antes, um documentário sobre ele, Sociologia É um Esporte de Combate, havia sido um sucesso inesperado nos cinemas da França. Entre seus livros mais conhecidos estão A Distinção (1979), que trata dos julgamentos estéticos como distinção de classe, Sobre a Televisão (1996) e Contrafogos (1998), a respeito do discurso do chamado neoliberalismo.

A globalização e os descontentes
Protesto em Seattle em 1999: nova ordem vista como excludente. Foto: Paula A. Souders/Corbis
Protesto em Seattle em 1999: nova  ordem vista como excludente.
Bourdieu tornou-se ideólogo e símbolo dos protestos contra a globalização econômica e cultural, sobretudo depois do lançamento, em 1993, do livro A Miséria do Mundo. Ele assumiu um papel ativo de apoio à greve do servidores franceses, em 1995 e 1996, por julgar que ela representava um sinal de resistência do espírito público contra as privatizações. Desde então, posicionou-se fortemente contra a tendência política neoliberal e todas as outras que considerava aparentadas a ela, incluindo a linha de moderação adotada pelos partidos de esquerda que chegaram ao poder na Europa. Grupos movidos por insatisfação semelhante à de Bourdieu amplificaram seus protestos durante a reunião da Organização Mundial do Comércio em Seattle, nos Estados Unidos, em 1999, dando origem ao Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Com suas críticas a uma ordem que considerava excludente, Bourdieu centrou fogo contra os meios de comunicação, que acusava de renderem-se à lógica do comércio e produzirem lixo cultural em larga escala.Embora a maioria dos grandes pensadores da educação tenha desenvolvido suas teorias com base numa visão crítica da escola, somente na segunda metade do século 20 surgiram questionamentos bem fundamentados sobre a neutralidade da instituição. Até ali a instrução era vista como um meio de elevação cultural mais ou menos à parte das tensões sociais. O francês Pierre Bourdieu (1930-2002) empreendeu uma investigação sociológica do conhecimento que detectou um jogo de dominação e reprodução de valores. 

Suas pesquisas exerceram forte influência nos ambientes pedagógicos nas décadas de 1970 e 1980. "Desde então, as teorias de reprodução foram criticadas por exagerar a visão pessimista sobre a escola", diz Cláudio Martins Nogueira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. "Vários autores passaram a mostrar que nem sempre as desigualdades sociais se reproduzem completamente na sala de aula." Na essência, contudo, as conclusões de Bourdieu não foram contestadas. 

Na mesma época em que as restrições a sua obra acadêmica se tornaram mais frequentes, a figura pública do sociólogo ganhou notoriedade pelas críticas à mídia, aos governos de esquerda da Europa e à globalização. Ele costuma ser incluído na tradição francesa do intelectual público e combativo, a exemplo do escritor Émile Zola (1840-1902) e do filósofo Jean Paul Sartre (1905-1980).

Valores incorporados


O livro A Reprodução (1970), escrito em parceria com Jean-Claude Passeron, analisou o funcionamento do sistema escolar francês e concluiu que, em vez de ter uma função transformadora, ele reproduz e reforça as desigualdades sociais. Quando a criança começa sua aprendizagem formal, segundo os autores, é recebida num ambiente marcado pelo caráter de classe, desde a organização pedagógica até o modo como prepara o futuro dos alunos. 

Para construir sua teoria, Bourdieu criou uma série de conceitos, como habitus e capital cultural. Todos partem de uma tentativa de superação da dicotomia entre subjetivismo e objetivismo. "Ele acreditava que qualquer uma dessas tendências, tomada isoladamente, conduz a uma interpretação restrita ou mesmo equivocada da realidade social", explica Nogueira. A noção de habitus procura evitar esse risco. Ela se refere à incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influindo em seu modo de sentir, pensar e agir, de tal forma que se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de modo consciente. 

Um exemplo disso: a dominação masculina, segundo o sociólogo, se mantém não só pela preservação de mecanismos sociais mas pela absorção involuntária, por parte das mulheres, de um discurso conciliador. Na formação do habitus, a produção simbólica - resultado das elaborações em áreas como arte, ciência, religião e moral - constitui o vetor principal, porque recria as desigualdades de modo indireto, escamoteando hierarquias e constrangimentos. 

Assim, estruturas sociais e agentes individuais se alimentam continuamente numa engrenagem de caráter conservador. É o caso da maneira como cada um lida com a linguagem. Tudo que a envolve - correção gramatical, sotaque, habilidade no uso de palavras e construções etc. - está fortemente relacionado à posição social de quem fala e à função de ratificar a ordem estabelecida. Para Bourdieu, todas essas ferramentas de poder são essencialmente arbitrárias, mas isso não costuma ser percebido. "É necessário que os dominados as percebam como legítimas, justas e dignas de serem utilizadas", afirma Nogueira.

Capital cultural

Outro conceito utilizado por Bourdieu é o de campo, para designar nichos da atividade humana nos quais se desenrolam lutas pela detenção do poder simbólico, que produz e confirma significados Esses conflitos consagram valores que se tornam aceitáveis pelo senso comum. No campo da arte, a luta simbólica decide o que é erudito ou popular, de bom ou de mau gosto. Dos elementos vitoriosos, formam-se o habitus e o código de aceitação social.

Os indivíduos, por sua vez, se posicionam nos campos de acordo com o capital acumulado - que pode ser social, cultural, econômico e simbólico. O capital social, por exemplo, corresponde à rede de relações interpessoais que cada um constrói, com os benefícios ou malefícios que ela pode gerar na competição entre os grupos humanos. Já na educação se acumula sobretudo capital cultural, na forma de conhecimentos apreendidos, livros, diplomas etc.

Com os instrumentos teóricos que criou, Bourdieu afastou de suas análises a ênfase central nos fatores econômicos - que caracteriza o marxismo - e introduziu, para se referir ao controle de um estrato social sobre outro, o conceito de violência simbólica, legitimadora da dominação e posta em prática por meio de estilos de vida. Isso explicaria por que é tão difícil alterar certos padrões sociais: o poder exercido em campos como a linguagem é mais eficiente e sutil do que o uso da força propriamente dita.

Os sutis artifícios de perpetuação
Escola de filhos de imigrantes ilegais na França: desigualdade tende a se reproduzir. Foto: AFP
Escola de filhos de imigrantes ilegais na França: desigualdade tende a se reproduzir.
Para Bourdieu, a escola é um espaço de reprodução de estruturas sociais e de transferência de capitais de uma geração para outra. É nela que o legado econômico da família transforma-se em capital cultural. E este, segundo o sociólogo, está diretamente relacionado ao desempenho dos alunos na sala de aula. Eles tendem a ser julgados pela quantidade e pela qualidade do conhecimento que já trazem de casa, além de várias "heranças", como a postura corporal e a habilidade de falar em público. Os próprios estudantes mais pobres acabam encarando a trajetória dos bem-sucedidos como resultante de um esforço recompensado. Uma mostra dos mecanismos de perpetuação da desigualdade está no fato, facilmente verificável, de que a frustração com o fracasso escolar leva muitos alunos e suas famílias a investir menos esforços no aprendizado formal, desenhando um círculo que se auto-alimenta. Nos primeiros livros que escreveu, Bourdieu previa a possibilidade de superar essa situação se as escolas deixassem de supor a bagagem cultural que os alunos trazem de casa e partissem do zero. Mas, com o passar do tempo, o pessimismo foi crescendo na obra do sociólogo: a competição escolar passou a ser vista como incontornável.