sábado, 25 de junho de 2011

VIOLÊNCIA NA ESCOLA: GRITO E SILÊNCIO - AUTORAS: MARIA DE LOURDES ORNELLAS E DANIELA CHAVES RADEL




O livro Violência na Escola: grito e silêncio traduz uma escuta das autoras à escola contemporânea, espaço que se inscreve num cenário árido, de violência às vezes escancarada, outra vezes habilmente velada. 
Diante de uma família que vive intensas transformações, deságuam na escola problemas novos e conflitantes e esta pesquisa traz à tona inquietações cada vez mais complexas, de faces diversas, sobre esta violência que ecoa nos cantos e recantos da escola.
E qual seria o motor que desncadeia tal fenômeno? Difícil definir, mas a origem pode estar nos afetos produzidos pelo desamparo, pela crise de autoridade, pelo perceptível declínio da função paterna que faz da família uma instituição sem beiras e até mesmo por este modelo capitalista, gerador de consumo em uma sociedade de desigualdades alarmantes. A violência na escola foi escutada aqui de forma sensível e, também, científica; emprenhadas do desejo de perceber o que há por trás dos muros, dos silêncios e dos gritos de cada um, elas avançaram passo a passo rumo ao âmago da escola: os sujeitos ali enredados nos afetos, desejos e projetos muitas vezes abortados. Mesmo sob nuvens pesadas, é possível ainda se esperar a calmaria; a pesquisa mostra que existem pistas, saídas, alternativas para trabalhar a violência na escola, mas não apresenta bula ou receita. Há que ter desejo...
Tábuas e pregos na mão, Maria de Lourdes Ornellas e Daniela Chaves Radel construíram e embarcaram numa nau, mar a dentro, buscando desvelar as causas dos atos violentos que acoam na escola, fazendo dessa escritura um convite a professores e alunos para que juntos possam construir uma escola mais sólida, cujas paredes desabriguem a violência e atem uma nova forma de se constituir.

sábado, 18 de junho de 2011

ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES: DOIS ARTIGOS - TELMA CORTIZO E ZORAYA MARQUES

ARTIGO: A ESCUTA DA LIBIDO DO PROFESSOR NO ATO EDUCATIVO

AUTOR: TELMA LIMA CORTIZO

(Guernica - Picasso)

O artigo aborda as relações tecidas pelo professor em seu espaço de labor, discutindo a libido, ou sua ausência, na práxis docente. A autora nos apresenta um trecho de sua vivência do lugar de coordenadora pedagógica de uma instituição pública de Salvador, palco cujos atores estão a cada dia menos investidos de desejo, seja o professor ou o aluno. Num cenário social onde o trabalho é desvalorizado, a violência é grande, a família é ausente e o diálogo inexiste, a autora analisa o papel do professor, sujeito de desejo, e como este se coloca no lugar de objeto, tratando seu aluno também como tal. A grande questão do texto é: por que alguns professores permanecem investidos de libido, com uma prática diferenciada na qual a transferência positiva predomina nas relações, enquanto outros se colocam como cansados e fatigados pelo seu fazer, estimulados a desistir? A proposta é a escuta ao professor, às suas falas e aos seus silêncios, à sua subjetividade, lugar que dispare uma nova energia libidinal que o leve à percepção do prazer e encanto pela sua condição de ser Professor.

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ARTIGO: A EXISTÊNCIA DO ENSINO VIVENCIAL NO ÂMBITO DO ENSINO SUPERIOR.

AUTOR: ZORAYA MARIA DE OLIVEIRA MARQUES


A autora inicia seu escrito depondo sobre os percalços vividos no ensino superior, onde exerce sua prática docente, cujas teorias e propostas são fragmentadas e individualizadas, com práticas avaliativas insatisfatórias e relativa aridez nas relações desenvolvidas no ambiente acadêmico, fatos que a instigaram a investigar a possível existência de um tipo de ensino que ela classifica como Vivencial e que pode, dentro de uma série de alternativas viáveis, se contrapor a tais problemas. Nesta coletânea foram apresentados diversos recortes de pesquisas, porém o de Profª Draª Zoraya Marques trouxe um novo instrumental no seu itinerário metodológico, que é a abordagem (auto) biográfica, investigando a existência do Ensino Vivencial, no âmbito do Ensino Superior, pautado na vivência e no campo (auto)formativo como suporte teÓrico-metodológico, sendo uma das suas questões de suma importância a tal entendimento: o que os professores colaboradores desta pesquisa entendem por Ensino Vivencial segundo suas narrativas?

Boa Leitura a todos e nos veremos no próximo livro a ser aqui apresentado!!

(Tête de face - Picasso)

domingo, 12 de junho de 2011

ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES: LARISSA ORNELLAS, NEILTON SENA, POLIANA SANTANA E ROBERTO CARLOS SANTOS - QUATRO ARTIGOS.

(Obra de Kandinsky)

ARTIGO: UMA ESCUTA SOBRE A MELANCOLIA DO FEMININO.

AUTOR: LARISSA ORNELLAS

O texto de Larissa Ornellas traz referencias de autores clássicos da Teoria Psicanalítica que trabalham mais particularmente com a melancolia. A autora mostra a evolução da problemática da perda do objeto na melancolia e suas impossibilidades de fazer luto frente às perdas, especialmente nas mulheres melancólicas. Ao analisar o sadismo e o masoquismo sob o olhar de Freud, vê-se que o sadismo é o masoquismo transformado no seu inverso, numa troca de objeto; assim é a melancolia, onde o melancólico satisfaz suas tendências sádicas e odiosas visando um objeto e, depois, retornando sobre a própria pessoa, o melancólico. Nesta fala, o texto conceitua a melancolia e discorre sobre o suicídio tendo sempre como base de pesquisa autores clássicos e renomados. No curso da escrita a autor partilha um caso clínico. Vale à pena ler.


ARTIGO:"FALE-ME, DEIXE-ME LHE ESCUTAR": AS MANIFESTAÇÕES DA FALA DO PROFESSOR NA SALA DE AULA.

AUTOR: NEILTON BATISTA SENA

Numa abordagem psicanalítica, Neilton Sena analisa as manifestações da fala do professor no ato de aprender do aluno no lócus da sala de aula e como esta fala pode estar representada nos elos do Real, do Simbólico e do Imaginário na perspectiva lacaniana, resvalando na prática educativa do professor. O artigo é produto de uma pesquisa deste autor, na qual ele busca compreender a fala e a escuta do professor e como este valoriza cada um destes constructos. Como o autor diz, o “fale-me, deixe-me lhe escutar, é um convite que a Psicanálise faz à Educação, pedindo licença para se aproximar da sala de aula e, assim, dialogar com o professor [...]”.

(Obra de Leonid Afremov)


ARTIGO: O REAL, O SIMBÓLICO E O IMAGINÁRIO: UM NÓ NO FAZER DO COORDENADOR PEDAGÓGICO.

AUTOR: POLIANA MARINA MASCARENHAS DE SANTANA.

Diante das demandas que fazem parte do fazer do coordenador pedagógico, é pertinente refletir sobre de que maneira este profissional pensa este fazer, como se estrutura perante ele e quais as subjetividades estão envolvidas nos avanços e nas limitações do mesmo. A autora desenvolve sua pesquisa analisando a percepção deste profissional e traçando uma analogia com os constructos do inconsciente apresentados por Lacan. O marco teórico da pesquisa é a teoria das Representações Sociais. Qual seria, então, a representação social que o coordenador tem de sua própria função?

(Obra M. C. Escher)


ARTIGO: "EU SOU NEGUINH@?" A FORMAÇÃO DO/A PROFESSOR/A PARA AS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS NO CONTEXTO EDUCATIVO.

AUTOR: ROBERTO CARLOS OLIVEIRA DOS SANTOS

O texto de Roberto Carlos traz um questionamento quanto ao fazer do professor na contemporaneidade: qual o seu papel na tarefa de desconstrução das representações identitárias essencialistas de matriz eurocêntrica presentes no contexto educativo e que depreciam, obstacularizam e inferiorizam, particularmente, a cultura de matriz africana? E a escola, será que esta tem sido um ambiente que garante o direito e o respeito à diversidade a partir da equidade e do pluralismo cultural entre os alunos e alunas? A partir desta reflexão o autor questiona se, a partir dos marcos legais e da promulgação das novas legislações, a temática acerca do preconceito e das desigualdades na escola teve o seu estado alterado de modo significante. O debate proposto pelo artigo é atualíssimo e vale à pena entrar e travar uma interlocução com o autor.

(Quadro de Pedro Lima)

domingo, 5 de junho de 2011

MAIS QUATRO ARTIGOS DE ESCUTA CLIVADA

ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: O PROFESSOR MERGULHA NAS ÁGUAS DO BELLOMONTE.

AUTOR: FABÍOLA MARGERITHA BASTOS E MARIA DE LOURDES SOARES ORNELLAS

Trata-se de um artigo escrito em parceria por Maria de Lourdes Ornellas e Fabíola Bastos, cujo objetivo é discorrer a proposta metodológica de uma investigação sobre as Representações Sociais do professor acerca do seu imaginário sobre o episódio de canudos. A proposta do escrito é contribuir com a formação do professor, vez que é possível revelar seu imaginário, afetos, frustrações, necessidades e desejos, enquanto pretende também identificar os saberes docentes relacionados ao cenário de Canudos enquanto espaço de resistência saga conselheira e paixão. Num falar de quem pensa junto, o texto encanta o leitor e planta a curiosidade por uma continuação...

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ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: NÃO FALO, NÃO ESCUTO, NÃO VEJO: O PAPEL DA PSICANÁLISE NO RESGATE DOS SENTIDOS

AUTOR: GRACIELA NIEVES PELLEGRINO FERNANDEZ

Graciela inicia seu escrito trazendo para a cena a figura caricata de Joãozinho, um menino esperto e inquiridor, que atemoriza professores e professoras com suas perguntas, invariavelmente de duplo sentido, mostrando que o mesmo tem alguma conotação com sexualidade que permeia, com certeza, nossas lembranças. E a autora inquire: não há um Joãozinho em cada um de nós?

A temática do texto passeia pelas Representações Sociais de gênero e sexualidade de professoras de ensino fundamental. O estudo é fruto de uma pesquisa valiosa que analisa as falas de professoras, buscando perceber o quanto sua subjetividade constrói sua prática pedagógica, buscando entender suas linguagens subliminares, à luz da psicanálise. Graciela se põe, então, a tirar este véu do “não falo, não escuto, não vejo”.

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ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: O DESEJO DE SABER NA CRIANÇA: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

AUTOR: ISAEL DE JESUS SENA

A psicanálise lança uma luz sobre a educação ao desvelar a posição subjetiva do sujeito na própria inibição no ato de aprender. Esta escrita discute, a partir de uma perspectiva psicanalítica, o desejo de saber da criança e a inibição na escrita como uma saída do sujeito frente ao desejo do Outro. Diante desse “transtorno de aprendizagem”, o não aprender, o sentimento do professor é de impotência e mal estar, e o texto discute muito bem isso, trazendo o enodamento da Psicanálise com a Educação como fundamental na facilitação na escuta dessa questão.

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ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: DE QUE FAMÍLIA ESTAMOS FALANDO? ENTRE O IDEAL E O VIVIDO.

AUTOR: IVANY PINTO NASCIMENTO

Ivany introduz seu texto nos dizendo que a família é, inúmeras vezes, em determinadas situações, alvo de questionamentos do tipo: Onde estava a família que não viu? “...não é possível que a família não soubesse!” E aí ela própria lança a indagação: de que família estamos falando, já que o modelo hoje constituído não segue mais um padrão? A autora faz uma caminhada pelos afetos que envolvem a família neste século, deixando a pergunta: qual a saída para esta instituição no contexto atual?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

QUARTOS ARTIGOS E UMA LEITURA


ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO ALUNO NA SALA DE AULA E O ESTILO NO APRENDER.

AUTOR: MARIA DE LOURDES SOARES ORNELLAS

Esta coletânea, publicada pela Quarteto Editora, é prefaciada por Clarilza Prado (PUC-SP) e traz na abertura um texto de Lourdes Ornellas, organizadora da obra, que discute a representação social de professor-aluno sobre afeto na sala de aula e sobre o quanto este é fundante para o processo de aprender. O texto sugere que a escuta psicanalítica do que se passa na escola é um caminho para pontuar que os sujeitos, neste espaço, transferem afetos entre si e que as representações sociais de professor e aluno na sala de aula apontam para a escola que se quer construir.

Do lugar do desejo, cada um se inscreve como sujeito da falta, tecendo um estilo. E o que é estilo no aprender?

No centro deste debate interdisciplinar há o encontro entre a Educação, as Representações Sociais e os afetos, e a autora deixa sua indagação: todo encontro não seria um desencontro?

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ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: ENSINAR E APRENDER: ATO DE DESEJO DO SUJEITO

AUTOR: DAIANE BARBOSA PURIDADE E KELY KRAUSE DE JESUS CUNHA

Daiane Puridade e Kelly Cunha, em parceria, analisam o ensinar e aprender como ato de desejo do sujeito, trazendo a Psicanálise e a Educação como constitutivos do ato educativo. As autoras buscam revelar o agalma peculiar da educação e as resultantes de um enlace que ensina a escuta e impulsiona os sujeitos a um constante desejo de ensinar e aprender. Há que se tecer uma nova educação, esta agora pautada no sujeito, e o texto pretende abrir as portas para novas discussões que levem a mais reflexões acerca do ensino e da aprendizagem à luz da Psicanálise: benefício para professor e aluno.

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ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES
ARTIGO: UMA ESCUTA DO BRINCAR PELO PROFESSOR NA CENA DA CONSTITUIÇÃO DA CRIANÇA-SUJEITO.

AUTOR: DANIELA CHAVES RADEL BITTENCOURT

Daniela Radel investiga o lugar do brincar na educação infantil ao reconhecer

a relevância deste ato na constituição do sujeito nos seus primeiros anos de vida. No texto a autora apresenta sua pesquisa, de abordagem psicanalítica, em uma análise da educação infantil como espaço de subjetivação da criança-sujeito. Radel nos diz que, se antes a escola se sustentava na promessa das crianças virem a usufruir, num futuro, o lugar e a posição existencial do adulto, atualmente o ensino vale na proporção do gozo imediato que promove, sem permitir o lugar da falta. Autora nos deixa um questionamento: nesta escola há lugar para a infância? Há lugar para a estruturação do sujeito do desejo?

A riqueza do texto reflete o brilho da pesquisa, precisa ser lido.

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ESCUTA CLIVADA ANCORA SABER NO ENTRE-LUGARES

ARTIGO: A PSICANÁLISE BORDA A EDUCAÇÃO: QUANDO O DESEJO SE INSCREVE NAS TEIAS DO SABER.

AUTOR: ELIANA DE JESUS MENEZES

Eliana Menezes nos apresenta um texto que debate a falta de interesse da criança em relação ao saber contemplado na leitura e na escrita, abordando a importância do ato de ler e escrever para a constituição da história do sujeito. A autora faz um elenco das concepções de desejo na filosofia e na psicanálise, mostrando que o desejo é da ordem do real, traduzido como falta e que a criança pode não querer saber para se constituir sujeito desse desejo, não atendendo as exigências da cultura.

O texto tem viés psicanalítico e ressalta que a aproximação da Educação com a Psicanálise evidencia um ganho simbólico para a educação e que há que se alimentar o desejo.