sexta-feira, 16 de agosto de 2013



Falta de limites, maus exemplos dados pelos adultos, situações de estresse: são muitos os motivos que podem levar uma criança a ter comportamentos agressivos. Brigas, chutes, socos e xingamentos algumas vezes são uma forma de a criança expressar suas angústias e seus medos. Em outras ocasiões, são um reflexo da falta de orientação e firmeza dos pais na aplicação de regras e combinados.
Podem ser ainda um comportamento de imitação do modelo dado pelos adultos, quando estes também são agressivos em suas relações com outras pessoas e diante de situações que os desagradam.
É importante que os pais identifiquem quais as causas das manifestações de agressividade das crianças e procurem ajudá-la a compreender que há maneiras melhores de resolver seus problemas ou de expressar seu desagrado diante de uma decepção. Veja as dicas dos especialistas.

 PORQUE AS CRIANÇAS TEM ATITUDES ASSIM?

Pode não parecer, mas a agressividade é uma linguagem, uma forma de expressar sentimentos e desejos. "Não é a maneira mais correta, mas talvez seja a única forma que o filho aprendeu a usar nos momentos de angústia, ansiedade e principalmente de frustração, diz Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

O QUE FAZER QUANDO ELA SE TORNA AGRESSIVA QUANDO OUVE UM NÃO?

Os pais não devem atender aos desejos dos filhos quando eles tomam atitudes agressivas, porque isso só vai reforçar a ideia de que é pela força, pela agressão e pelo grito que conseguimos o que queremos. "Os pais não podem reforçar esse comportamento. No caso da birra, não se pode atender ao pedido enquanto o filho não tiver um comportamento adequado", diz Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

A criança sem limite sofre com a falta de direção e gestão dos pais e aprende que para comunicar ou conseguir o que quer, precisa apelar para a agressividade, conforme explica a psicóloga Eliana de Barros Santos, diretora pedagógica do Colégio Global. "Um exemplo: a criança quer ir ao parque, mas os pais dizem que é hora de ir ao restaurante. Então ela se joga, chora e grita para conseguir o que quer. Os pais continuam negando, mas então ela voa nos pais e os agride de forma verbal e/ou física". Ela dá outro exemplo do que pode acontecer quando os pais não tomam atitudes diante das agressões dos filhos: "A criança pode ficar acostumada a obter resultados positivos em suas investidas sobre um irmão ou sobre a babá, batendo e brigando. Como acostuma com este comportamento, ao chegar à escola ela fará o mesmo com os amigos e os professores sempre que for contrariada, tentando obter o mesmo resultado que tem em casa. Essa criança agride para conseguir seu objetivo e esse comportamento, se não for corrigido a tempo, vai provocar muito sofrimento a ela e aos que convivem com ela", explica.

As crianças aprendem, de uma forma geral, por imitação. Por isso, é preciso atenção: muitos dos comportamentos agressivos dos pais e adultos são aprendidos pelas crianças. "Criança vê, criança faz: não temos dúvida de que a criança apresenta comportamentos copiados dos seus pais ou cuidadores. Para se evitar que a criança se comporte de forma agressiva é preciso que os pais revejam o seu próprio comportamento e identifiquem situações onde costumam se comportar de forma agressiva", diz a psicóloga Eliana de Barros Santos.

Segundo Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), jogos ou filmes violentos podem, sim, influenciar o comportamento das crianças, mas não são os fatores que mais incentivam a agressividade. De acordo com ela, proibir simplesmente a criança de assistir ou jogar o que tem conteúdo violento não é a solução. "Não podemos proibir nossas crianças de terem uma participação na vida em sociedade, mas podemos participar e ensiná-los a refletir sobre o que é bom e o que não é tão bom nos filmes e jogos. O importante é haver diálogo e reflexão: incentivar a criança a se colocar no lugar ora do agredido, ora do agressor e fazê-la pensar sobre isso. Isso fará do futuro adulto uma pessoa mais responsável por si", diz.

A agressividade também pode estar vinculada a situações que geram estresse na criança tais como luto, separação dos pais, chegada dos irmãos mais novos. "Para lidar com a situação de forma tranquila é necessário tomar consciência do problema e acolher a criança em seus sentimentos de receio, medo, angústia. Para isto é preciso olhar para ela com cuidado e atenção, buscando ver além do gesto que a criança está utilizando para se fazer entender. Boas horas de intimidade e aconchego verdadeiro são os melhores remédios", afirma a psicóloga Eliana de Barros Santos.

A AGRESSIVIDADE PODE SER UMA TENTATIVA DE CHAMAR A ATENÇÃO?

Sim, essa também pode ser uma das possíveis causas das atitudes agressivas. "Podemos imaginar que os filhos têm um potinho que precisa ser cheio com carinho e atenção dos pais diariamente. Quando esse potinho estiver vazio, ela vai ficar triste e buscar outra forma de obter a atenção dos pais", diz a psicóloga Eliana de Barros Santos. Ela sugere que ao encontrar a criança, depois de um período separado, seja pelo trabalho ou por uma simples noite de sono, os pais se preocupem em encher o potinho com atenção verdadeira. "Você verá que a criança, satisfeita em sua necessidade, estará tranquila e somente voltará a requisitar sua atenção muito tempo depois, quando sentir seu potinho vazio. Em sua fome de atenção, ela precisa ser bem alimentada para se desenvolver saudável e tranquila. Lembrando sempre do potinho e cuidando dele, você vai perceber que agressividade, palavrão, birra, serão assuntos pouco lembrados em sua família", diz a psicóloga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário