terça-feira, 21 de maio de 2013

PROTESTO DO SAIAÇO - USP


No protesto do 'saiaço', alunos de Direito da USP vão às aulas vestidos de saias


Davi Lira - O Estado de S. Paulo

Segundo o calouro João Henrique D´Ottaviano Sette, de 18 anos, trata-se de um ato de solidariedade. "Estamos nada mais que manifestando nossa solidariedade ao colega da USP Leste", fala Sette.
João Henrique D´Ottaviano Sette e Matias Vale são contra atos de intolerância de gênero - Felipe Rau/Estadão
Felipe Rau/Estadão
João Henrique D´Ottaviano Sette e Matias Vale são contra atos de intolerância de gênero
Nem terno, nem gravata. Estudantes do tradicional curso de Direito da USP resolveram ir para a faculdade vestidos de saias, em sua maioria floridas. O protesto, prometido desde a semana passada, ocorreu nesta quinta-feira (16) no Largo São Franscisco, centro de São Paulo. A manifestação ocorre em apoio a um estudante da USP Leste que no final de abril foi hostilizado por colegas nas redes sociais por ter ido às aulas vestido de saia.
De acordo com os alunos, cerca de 30 estudantes participaram no final da manhã do protesto na Faculdade de Direito. Algumas alunas também manifestaram apoio à causa, utilizando acessórios masculinos. "É importantíssimo um protesto como esse. Hoje a saia entrou no lugar da calça, mas o blazer resolvi manter", diz Matias Vale, de 24 anos, aluno da SanFran - como é conhecida a instituição.
Para Matheus Ribas, estudante do 2º período da instituição, o protesto visa a sinalizar de forma contrária as ofensas recebidas pelo estudante da USP Leste. "Sabemos que as ofensas têm traços de preconceito e são relacionadas à homofobia. É preciso reprimir posturas como essas", diz Ribas.
O estudante, no entanto, acrescenta que é importante trazer temas como a intolerância para a discussão dentro da universidade. "Sabemos que se sairmos dos muros da faculdade com saias, seremos hostilizados pela sociedade e podemos até ser agredidos por isso", afirma Sette.
Conforme outro aluno, que preferiu não ser identificar, a opressão ainda é muito "grande" não apenas na sociedade como dentro da própria universidade. "As pessoas precisam se dá conta que roupa não tem gênero, nem reflete comportamentos tão estritos. Infelizmente aqui na faculdade ainda há muita opressão também", diz o jovem.
De acordo com o médico e sexólogo Amaury Mendes Júnior, delegado regional da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, é preciso olhar "com cuidado" o acontecimento.
"É lamentável que em pleno século 21, estudantes sofrerem algum tipo de sanção pelo simples fato de estarem vestindo roupas não convencionais. Esse protesto ataca a questão da sexualidade e vai contra os padrões normativos da maioria", fala Mendes Júnior.
Estudantes de outros cursos da USP prometem ampliar o protesto na noite desta quinta. Tanto na São Franscico, quanto no câmpus da zona leste e na Cidade Universitária.

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