quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

IV CICLO INTERNACIONAL DE CULTURA E RESILIÊNCIA - APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO
O estudo sobre a resiliência procura identificar as condições sob as quais sujeitos
em situação de extrema privação ou adversidade obtêm êxito em retomar ou dar
continuidade a uma existência de criação, produtividade e desenvolvimento.
A partir dos estudos de casos de sujeitos ou grupos que superaram adversidades
consideradas intransponíveis sem sérias seqüelas, da análise da organização das
estratégias adotadas por culturas e povos - considerados em contextos de
vulnerabilidade - favoráveis ao processo de resiliência e da localização, descrição
e observação de iniciativas oficiais e informais (organizações auto-geridas de
cultura popular), construímos a especificidade da nossa proposta: nosso
interesse em estudar os processos de resiliência como uma possibilidade
de enfrentamento do traumatismo insidioso - porque cotidiano - do
desamparo social resultante de políticas públicas insuficientes, constituindo-se
como agenciamento coletivo que produz uma manobra de transformação subjetiva,
um dispositivo de construção de novas posições subjetivas diante do mundo,
e não apenas a superação de uma situação.
O IV Ciclo Internacional Resiliência e Cultura: histórias de vida,
subjetividade e cuidado consiste em um dos desdobramentos da
interlocução do projeto Rede Resiliência, subjetividade e cultura (UFF) –
que constitui a representação no Brasil do Observatório Internacional de
Pesquisas sobre a Resiliência - com pesquisadores do Brasil, Argentina,
Uruguai, Peru,Chile, Colômbia, Bolívia, Bélgica , França, Canadá Estados Unidos,
Suíça, Itália, Bélgica,  África, Líbano, Israel e Palestina. 
O desenvolvimento, ao longo dos últimos 10 anos, de um extenso trabalho
de cooperação proporcionou-nos a compreensão do caráter sistêmico, do
ponto de vista da ecologia do desenvolvimento humano, pluridimensional
e complexo dos processos de resiliência. Foi com esse horizonte que, ao longo
da realização dos I , II e III Ciclos, foram se articulando redes de cooperação tecidas
de diversas áreas por grupos de trabalho e de pesquisa interessados em
compreender e fomentar as estratégias de enfrentamento da adversidade,
como a Rede Resiliência, o Grupalfa, a OSCIP Acolher, a Associação Brasileira de
Pesquisa (Auto)biográfica, o Grupo Desenvolvimento Humano em Situação de
Risco Social e Pessoal (URGS – CEP-Rua) e o GT Juventude, resiliência e vulnerabilidade
(Anpepp)  – protagonistas na realização desse IV Ciclo Internacional Resiliência e Cultura.
Boris Cyrulnik, principal conferencista convidado, além de neuropsiquiatra, etólogo
e autor de mais de uma dúzia de obras que se tornaram referência na área, é diretor
de ensino da na Universidade de Toulon (França) e preside o Observatoire International
de la Résilience. Partindo de sua original contribuição às ciências na orientação de
pesquisas relacionadas à metodologia de observação da linguagem não verbal (Etologia Humana),
estende seus estudos ao tema da resiliência, realizando um movimento de revisão crítica
das pesquisas sobre o assunto, assim como um trabalho de divulgação e acessibilidade ao
grande público de conhecimentos geralmente restritos ao mundo acadêmico, razão
pela qual é de fundamental interesse para o desenvolvimento desse campo de
pesquisas no Brasil a interlocução e intercâmbio de experiências com o universo
construído pela rede de pesquisas que dirige.
O Observatoire International de sur la  Résilience mantém reuniões regulares em
vários países, discutindo as especificidades culturais e políticas nos usos do conceito
de resiliência e nas das estratégias de análise e  intervenção utilizadas em cada contexto.
Os trabalhos desenvolvidos no encontro de 2005, em Buenos Aires, resultaram na
iniciativa I Ciclo Internacional de Seminários Resiliência e Cultura
(org. Rede Resiliência UFF), em 2007, realizado nas cidades de Montevidéu,
Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, em parceria com a Embaixada na França
no Brasil; o Grupalfa (UFF); o CEP-Rua da UFRGS;  Dep. de Psiquiatria Legal da UFRGS;
a Escola do Ministério Público (RS) e a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo,
com o quais compartilhamos projetos de pesquisa, extensão, formação e
produção bibliográfica, que teve como objetivo aproximar o espaço do saber
acadêmico ao das ações concretas visíveis nos movimentos socioculturais.
Seguindo essa bem sucedida experiência, organizamos, em 2009,
o II Ciclo Internacional de Seminários Resiliência e Cultura, realizando
encontros científicos entre pesquisadores, especialistas nas áreas de saúde e
educação e coordenadores de movimentos sociais que constituem referência
de trabalho na área da resiliência no Brasil e no exterior.  Teve seu primeiro
momento, em maio, com a realização das Jornadas Résilience et Culture, na
Faculdade de Medicina da Universidade Sorbonne, Paris, e na Universidade
de Toulon-Var (FR), coordenadas por Boris Cyrulnik (Afreca). No Brasil,
(coord. Rede Resiliência UFF), inseriu-se nas atividades do Ano da França no Brasil,
iniciando-se  em julho com a videoconferência de Boris Cyrulnik Resiliência:
estratégias de superação do trauma,  (org. Martins Fontes/ Casa do Saber/SP).
No mês de agosto, teve continuidade Porto Alegre (coord. Sec. Vigilância Sanit/ OscipAcolher),
Rio de Janeiro (coord. Rede Resiliência UFF/ ASPERJ), São Paulo (Palas Athena),
Salvador (UNEB/Grapho) e Natal (UFRN/Grecon),  abrangendo estudantes de graduação,
mestrado e doutorado das áreas de psicologia, educação, medicina e direito e artes,
assim como profissionais de diversas áreas que trabalhem com crianças, adolescentes e famílias.
Os mais recentes resultados dessa rede interinstitucional e internacional
foram colocados em debate no III Cycle International Résilience et Culture,
realizado entre 09 e 14 de maio de 2011, nas cidades de Bordeaux, Salon
em Provence e Toulon (FR) (org. Afreca e Univ. de Toulon, organizado por
pesquisadores do Observatoire , tendo como eixo temático o intercâmbio
de experiência Brasil / Europa, nos campos da resiliência, da cultura, da arte
e dos estudos sobre as histórias de vida.
É, portanto, com a expectativa de realizarmos mais um profícuo espaço de
intercâmbio intercultural e interinstitucional, que oportunizando a troca
de experiências e reflexões nos campos da saúde, educação, filosofia,
psicologia, arte e cultura, que convidamos todos para o IV Ciclo Internacional
Resiliência e Cultura: histórias de vida, subjetividade e cuidado.

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