quarta-feira, 15 de maio de 2013

Estudo e produção de texto com base no gênero 'causo'


REVISTA NOVA ESCOLA

O gênero causo não tem valor somente na tradição oral. Ajude a turma a transformar as histórias contadas oralmente em textos


Causo 'O Lenhador' contado por Rolando Boldrin no programa Senhor Brasil, da TV Cultura
Objetivos
  • Estudar o gênero causo e suas características.
  • Diferenciar a linguagem oral da escrita, reconhecendo o valor de ambas.
  • Aprender a passar causo do oral para o escrito, conservando suas características.
Conteúdos
  • Retextualização.
  • Gênero causo.
Anos5º e 6º.

Tempo estimado20 aulas.
Material necessário
Cartolinas, livro Alexandre e Outros Heróis (Graciliano Ramos, 206 págs., Ed. Record, tel. 21/2585-2000, 23,90 reais), computador com acesso à internet e gravador.
Desenvolvimento
1ª etapa 
Pergunte aos alunos se eles já ouviram algum causo, conhecem pessoas que contam causos e compartilhe a informação de que esse será o gênero estudado a partir de agora. Explique que se trata de uma forma particular de contar histórias típicas do interior, que não são, necessariamente verdadeiras. Se alguma criança se lembrar de algum causo, peça que conte aos colegas.

2ª etapa 
Convide a turma para assistir um causo O Lenhador - contado por Rolando Boldrin. Discuta de que se trata o causo, como é a linguagem usada pelo contador e como seria o causo se ele fosse contado com a norma culta da língua. O sentido seria o mesmo? Despertaria risos e gargalhadas da plateia, como as mostradas no vídeo?

3ª etapa
Apresente o livro Alexandre e Outros Heróis para a criançada. Explique que os causos ali apresentados, parte do folclore nordestino, foram escritos por Graciliano Ramos, um importante escritor brasileiro. Leia o primeiro capítulo do livro - Primeira Aventura de Alexandre - em voz alta para a turma. É interessante que as crianças tenham o texto em mãos para acompanharem a leitura. Ao término da leitura converse sobre a escrita do causo, comparando-a com o vídeo assistido. Levante as seguintes questões:
• Podemos escrever um causo da mesma maneira que falamos?
• O que é necessário conhecer, antes de escrever um causo?
• Que características o texto lido tem que ajudam o leitor entender melhor a história?
• Quais recursos o autor usa para deixar o texto com características de um causo?
Registre as descobertas em um cartaz que possa ser consultado posteriormente.

4ª etapa 
Apresente aos alunos o causo A Mulher do Boticário, contado por Rolando Boldrin. Explique às crianças que a tarefa agora é, coletivamente, passar o causo do oral para o escrito e que esse processo tem o nome de retextualização. Para isso, em primeiro lugar, é necessário ter o causo de Boldrin transcrito na íntegra. Para que os alunos conheçam como é feito o processo de transcrição e as características do material, transcreva os primeiros minutos do vídeo no quadro, destacando a importância de ser fiel à fala do narrador e também de indicar as pausas (com reticências), os marcadores de fala (como né, olha e daí) e a entonação (com pontos de exclamação e interrogação). Peça que a turma transcreva um pequeno trecho seguinte para conhecer como se dá o processo. Depois, distribua cópias da transcrição completa e exponha o mesmo texto no quadro.

5ª etapa
Para prosseguir com o processo de retextualização, ensine aos estudantes o que fazer com o material transcrito. Primeiro, é necessário analisá-lo. Existem muitos termos informais e marcadores de fala? Há vários termos repetidos? Quais? As conjugações verbais são adequadas aos sujeitos das orações?
Peça que as crianças identifiquem essas características fazendo marcações na transcrição utilizando canetas coloridas.

6ª etapa
Agora é hora de a garotada tomar algumas decisões com base nas marcações anteriores para retextualizar, de fato, o causo. Os termos repetidos serão eliminados ou eles são importantes para manter as características do causo em questão? É preciso reordenar os parágrafos para que a produção fique coerente? Quais marcas de oralidade devem ser mantidas? O causo será escrito com o mesmo narrador utilizado pelo contador do causo?

7ª etapa
Com base na transcrição exibida no quadro, comece a reescrita do causo. Você será o escriba: peça que os alunos orientem o que você deve fazer. Esclareça que nesse processo, é importante consultar o texto transcrito e as marcas feitas constantemente, ler e reler o material que está sendo escrito, ir e vir várias vezes, reescrever o que for necessário, inserir e retirar palavras para garantir qualidade ao material. Encerrada a tarefa, leia o causo em voz alta e peça que a turma analise o resultado, comparando-o com o causo do vídeo.

8ª etapa
Organize a classe em trios ou quartetos e selecione um causo para cada um. Explique que a tarefa é retextualizar outros causos. Para selecionar o material a distribuir, você deve buscar outros causos na internet, contados por Boldrin ou por outros contadores, como Almir Sater, que narra A Lendaem https://www.youtube.com/watch?v=jNJJZXodjtU.
Antes de distribuir o material para os alunos, assista aos vídeos previamente para garantir que o conteúdo é adequado à idade da turma. Providencie cópias da transcrição completa para que os trios ou quartetos não percam tempo com essa etapa. Durante a retextualização, é importante circular pela sala, fazendo algumas intervenções diretas e anotando os aspectos que deverão ser retomados. Encerrada a análise da transcrição e iniciada a revisão, interrompa o trabalho e recolha as produções.

9ª etapa
Analise as produções dos trios ou quartetos e escolha uma delas que apresente os erros mais comuns cometidos pelos alunos para apresentá-lo no quadro e promover uma discussão com toda a turma. Converse sobre a importância dos sinais de pontuação, o tempo verbal, as marcas da oralidade, as repetições de palavras (oriente para as substituições pronominais e lexicais) e também sobre as marcas de oralidade mantidas.

10ª etapa
Devolva as produções dos trios ou quartetos com bilhetes, trecho a trecho, se necessário, para que os estudantes voltem a trabalhar no material, a fim de melhorá-lo. Lembre-se de fazer anotações que instiguem e direcionem a turma. Evite deixar marcações diretivas ou correções explícitas.

11ª etapa 
A próxima etapa de revisão de cada causo não será feita por nenhum integrante do trio ou do quarteto e sim por colegas de outros grupos. Esse distanciamento do texto (e a consequente proximidade com o texto de outra pessoa) é valioso para que as crianças pensem sobre diferentes formas de escrever, conheçam novos recursos, se deparem com outros problemas e tenham de resolvê-los. Encerrada essa etapa, providencie a devolução do material para os grupos e peça que eles finalizem a retextualização. Recolha os causos e analise o material.

Avaliação
Como tarefa de casa, peça que as crianças procurem entre os familiares e conhecidos, alguém que conheça um bom causo para contar para a turma e que possa ir até à escola narrar a história. A tarefa da classe será retextualizar o causo coletivamente. Oriente a turma a organizar a gravação do causo e discuta com a sala a importância desse procedimento e os perigos de confiar a tarefa à memória. Características importantes podem ser perdidos, tal como a variação na entonação da fala do narrador e detalhes sobre o causo. Encerrada a apresentação do causo, oriente todo o processo de retextualização. Para que a garotada não perca tempo com o processo de transcrição, lembre-se de entregá-la pronta ao grupo.
Durante o processo de retextualização, observe a linguagem utilizada no texto, os aspectos discutidos nas revisões, os avanços que os alunos tiveram na escrita, estruturação e pontuação. Analise também como a turma se apropriou dos elementos típicos do gênero causo e se lançou mão deles com pertinência.
Consultoria Claudia Tondato
Professora da EMEF Professor Rosalvito Cobra, em São Caetano do Sul, SP.

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