segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chegando ao LEPSI


Malas prontas, ouvidos atentos, desejos brincantes... o destino é o LEPSI e as discussões sobre a Psicanálise e suas interfaces com a Educação e a Infância. Chegar aqui é como vir de um voo solitário e chegar onde realmente se espera chegar. Ainda no aeroporto de São Paulo, o encontro amigo: Leide, Ludy, Tai, Thiana e a Mestra. Quase uma hora da mattina, táxi com superlotação numa São Paulo fria e seca, plena no seu horário de verão; número certo de pessoas para superlotar o carro e alguém tem que vir no colo, o que faz esquentar o clima dentro e fora da gente: risos, falas cruzadas, ansiedade por chegar ao hotel e a USP no dia seguinte.

Deliiiiiiiiiiiicia um hotel quentinho e abraçante: hora de dormir!!! Mas ficamos até as quatro da manhã conversando e rindo, planejando o futuro próximo e o não tão próximo, partilhando medos, projetos e desejos que logo deixarão de ser sonhos, porque é sempre assim: sonha-se, projeta-se e realiza-se, e reinicia-se o ciclo: sonha-se...
Hora de dormir, porque logo será hora de acordar!!!

...E acordamos às sete!!! Café correndo, encontramos a Mestra e seguimos para USP (friozinho na barriga!!). Uma maratona: será na FEUSP ou na IPUSP? Quase uma hora num vai e vem de pedidos de informação e informações erradas, e descobrimos onde seria. E agora? Dois quilômetros? Pára um táxi!! Pois é, no taxi, dentro da cidade universitária, o motorista é... japonês. Mal nos entende, mal o entendemos e ele não sabe o caminho! Depois de algumas voltas circulares de fato, duas paradas para perguntar o caminho, chegamos!! Ufa!! USP. Ma-ra-vi-lha!!

Colóquio iniciado, nos deparamos com os autores dos livros que temos lidos: Kupfer, de Lajonquière e Marcelo Ricardo. Ornellas coordenou a mesa em que Kupfer falou do levantamento que fez sobre a expansão dos trabalhos produzidos sobre a relação entre a Psicanálise e Educação nos últimos vinte anos, “O campo das articulações entre a psicanálise e a educação no Brasil: estado da arte”. Voltolini trouxe um apanhado histórico da Psicanálise e seus diálogos com a educação, deixando, assim como de Lajonquière, a possibilidade de se falar, com legitimidade, desse binômio: Psicanálise e Educação.

Ouvimos as falas, fotografamos os momentos em nossas mentes e demos vazão ao eu consumista que nos acompanhou nesta viagem e enchemos a pasta do congresso com livros. Compramos preciosidades e justificamos cada uma delas: esse aqui tem a ver com minha prática; este servirá para o meu tema de trabalho; este é para partilhar com as colegas; este com os alunos da pós... compramos tudo que moveu nosso desejo.

Hora de almoço: delicia de x-tudo na cantina, no lugar do tradicional almoço.

Até às mesas da tarde, tempo para umas fotos, provas de que estivemos aqui. A tarde começou empolgada e empolgante, mas durou pouco. As falas se distanciaram, empurradas pelo sono, e tudo foi se acinzentando. - Absorver este novo que se desvela na fala de estudiosos ou voltar para o hotel e dormir? A segunda opção foi eleita, mas com o nobre objetivo de repor forças e energias para o planejado bolodório. Mas o sono venceu o desejo e o corpo teve o merecido repouso de quatorze horas consecutivas a dormir! Delicia esse dormir, nem toque de celular o abalou. As 7:15m eu e minha companheira de aventuras Uspianas somos despertadas pelo taxista que contratamos na noite anterior: atrasadas!!!

O segundo dia do congresso começou assim atropelado pela hora perdida; a mestra também foi vencida por Morpheu e isso mobilizou todo o grupo à sua procura; enfim, achada. As primeiras mesas de trabalho foram recheadas pelos meninos e meninas da UNEB. Em uma sala Thiana coordenou a mesa em que ela e Daniela Chaves nos brindaram com a fala sobre sobre a interface das contradições da herança e do desejo no fenômeno do fracasso escolar de crianças, e Eliana com sua avaliação sobre a relevância do desejo da criança para a construção do ler e escrever. Nesta mesma mesa a pedagoga Marlene, da UFMG, nos apresentou os caminhos percorridos para a construção de sua dissertação, já concluída, sobre a relação da escrita do nome do sujeito e sua subjetividade, à luz da psicanálise. Tivemos então uma pausa, mais fotos e o retorno à mesa, numa audição sobre a história de Pinóquio e sua relação com a ética na infância, uma fala da professora Liliana Naveira, da Universidade Nacional de Mar Del Plata, Argentina. Nesta mesma mesa desenrolaram-se as falas de Mariana Inês Garbarino, aluna da professora Kupfer, sobre as teorias sexuais infantis e sua relação com a aquisição do saber pela criança, à luz de Freud e Lacan. Mônica Rahme falou de seu estudo, feito em parceria com Leny Mrech, sobre os impactos do discurso capitalista contemporâneo sobre a educação, onde se percebe que esse consumismo leva ao gozo e produz sujeitos insaciáveis; seu dizer, muito rico, trouxe questões sobre a escola contemporânea e os discursos que por lá circulam.

Ao meio dia foi servido um lunch de confraternização. O encanto do encontro não ameniza meu desejo de estar em casa. Saudade. (...)Falar em saudade talvez faça pensar que aqui não está bom... ta sim. Está frio, é certo, mas tem muito calor humano, especialmente de minha amiga, colega de estudo e companheira de quarto Ludy. Menina fantástica, de escuta atenta e respostas críticas só dadas a quem pode ser chamado de amigo.

Isael, Poliana, Cláudia Opa, Daniela e Fernanda se juntaram ao grupo. As fotos registram momentos nossos.

Ao meio dia o anunciado lunch de confraternização foi servido, composto por delícias e guloseimas, inclusive picolé de chocolate, ao qual não resisti, mesmo sob os protestos das colegas: ta friooooooooooo!! Uns 15° nem é tão frio assim.

Às 14 horas se iniciaram as mesas da tarde com a fala da professora Perla, em espanhol. Bom tarde, assim ela começou, e anunciou depois que só falaria aquilo em português. Seu falar cantado, nesse idioma repleto de charme me fez viajar: preciso aprender espanhol logo que voltar a Salvador. O conteúdo da fala escapou e iniciei esta parte do escrito ali mesmo durante sua fala (Não, nas outras mesas eu não escrevia, esta foi a primeira vez, mas já estou parando; preciso absorver o que aqui me é oferecido).

Hora do café, café santo que me acorda do torpor do frio de São Paulo neste dia. Conversas entre nós do grupo UNEB passam, é claro, pelo tema seleção do mestrado. Ansiedade, torcida calorosa dos amigos novos e o reconhecimento de que todos são competentes para entrar. Melhor não falar no assunto... Ah, ontem escrevi meu nome errado; grafei errado. Será que nesta espera estou me perdendo de mim? Há que se pensar.

Nesta tarde falou nosso prefaciador Marcelo Ricardo Pereira. Ah, deixe-me contar algo que escapou, algo do primeiro dia. Eu e Ludy, claro, o encontramos neste primeiro dia do LEPSI e –atenção – Ludy disse: - Amiga, você que é mais cara-de-pau que eu (!!!), vá lá e fale com ele, peça autógrafo. Fazer o que? Vesti mesmo a roupa de “cara-de-pau” e fui lá; pura simpatia, ele nos abraçou e nos chamou de meninas da Bahia, autografou nossos livros comprados em Salvador e garantiu que está lendo nossos resumos. Bom, voltando ao nosso segundo dia de congresso, o prefaciador derramou sobre nós sua fala sobre as crianças de hoje, adultecidas, mas sempre crianças. Tantos são os estudos hoje sobre a infância, à luz da psicanálise, que pode-se afirmar que elas são mais sabidas; mas este saber sobre as crianças tem tido a força de mantê-las naquilo que se chama infância? Algumas interrogações ficaram para nossa reflexão. A fala deste professor encerrou a interlocução com a platéia vinda de vários cantos do mundo que, neste momento, pensa em embalar suas aquisições, seus pertences e logo voltar para casa.

E sabe o que descobri? Que táxi lotado é um ótimo lugar para rir e planejar os próximos congressos, mesmo quando todos falam ao mesmo tempo. Claro que antes do hotel demos uma passada em um shopping: o souvenir é importante! Dizer em casa o “lembrei de você” é fundamental. Entre sanduíches e spaghetti, ligamos para casa para dar noticias aos pais, filhos, aos Ricardos (descobri que quase todo mundo tem um). Falamos de saudade, de gatos, crianças, cachorros, do quanto é gostoso ficar em casa e da maravilha que é sair de casa também. De volta ao hotel, nosso bolodório particular até a mattina. E quando Ludmilla dormiu, olhei e vi a figura de uma menina estudante cansada, mas ávida por vida e por novos saberes, recobrando a energia não somente para o próximo dia em São Paulo na casa dos tios, mas para os estudos que a esperam nessa nova etapa de sua vida.

Registramos este congresso como o início de uma saga acadêmica a qual nos propomos, e retornamos a Salvador com planos para o GEPE, para as reuniões da disciplina e para os encontros de estudos sobre o inconsciente. Terça temos aula de RS, quase acabando. Thais, Eliana, Thiana, Daniela, Isael, Mestra, Poliana, Claudia: Muito bom estar com vocês.

Desejos livres, desencapsulados, brincantes e implicados em ser e saber, aterrissados em Salvador. Fica aqui uma marca, e que venha a vida que continua depois dela.


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