A sofisticação dos métodos de neuroimagem nas últimas décadas possibilitou o avanço dos conhecimentos sobre as estruturas e as lesões cerebrais in vivo, sua relação com as síndromes neuropsicológicas e o seguimento prospectivo-evolutivo dos distúrbios cognitivos.
Essa correlação clínico-anátomo-funcional outrora somente podia ser obtida através de estudos de necrópsias ou de achados neurocirúrgicos, métodos pouco satisfatórios para o entendimento da complexidade dos sistemas neuropsicológicos.
A introdução da Tomografia Computadorizada (TC) na década de 70 permitiu a identificação e diferenciação de várias entidades clínicas que cursam com distúrbios cognitivos como Hidrocefalia de Pressão Normal, Tumores, Hematoma Subdural e infartos.
A utilização da Ressonância Magnética (RM) a partir do final da década de 80 ampliou as possibilidades de obtenção de imagens através da análise estrutural multiplanar do encéfalo, da formação de imagens tridimensionais, e de métodos de volumétrica.
Como perspectivas, outras técnicas de imagem em Ressonância Magnética começam a ser empregadas na avaliação clínica, diagnóstica e prospectiva dos pacientes com distúrbios neuropsicológicos. A Espectroscopia por RM permite a detecção da atividade metabólica cerebral através do espectro de atividade de substâncias como N-acetil-aspartato (NAA), considerado um marcador da atividade neuronal normal. A Ressonância Magnética Funcional (RMF) permite o mapeamento do fluxo sangüíneo cerebral regional durante o repouso e durante ativação, com alta resolução de imagens que esse método proporciona. A Ativação é determinada por estimulação sensorial, por movimentação dos membros e por atividades cognitivas, semelhante aos procedimentos adotados nos estudos eletrofisiológicos. A visualização da perfusão cerebral é obtida por injeção endovenosa do meio de contraste paramagnético e correlacionada à aquisição de imagens tridimensionais pesadas em T1. É um método promissor para o estudo das disfunções neuropsicológicas, ainda possível de aprimoramentos técnicos para sua maior difusão na utilização clínica.
Das outras modalidades de estudo de imagem permitem a avaliação funcional cerebral; Tomografia por Emissão de Fóton Único (SPECT. Sigla inglesa de Single Photon Emission Computed Tomography) e Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET, Sigla inglesa de Positron Emission Tomography).
As imagens de SPECT permitem a quantificação indireta do metabolismo cerebral através da mensuração do fluxo sangüíneo regional. Os marcadores utilizados derivam do Tecnécio (Tc-99m HMPAO) e Iodo, e sua grande tolerabilidade e baixa radiatividade possibilitam a realização de estudos seriados, importantes na monitorização evolutiva da doença.
PET detecta a utilização metabólica cerebral regional da glicose e do oxigênio através da captação da atividade de radiofármacos de meia vida muito curta como Carbono, Nitrogênio, flúor e Oxigênio. Sua aplicação prática, no entanto, é ainda restrita por seu alto custo operacional.
Os aspectos das diferentes modalidades de imagem devem sempre se associar aos dados fornecidos pela avaliação clínica, neuropsicológica e laboratorial, realçando a sensibilidade e especificidade na detecção das alterações dos processos mentais superiores.
A Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM) são as técnicas de neuroimagem discutidas neste capítulo. Os métodos de estudo funcional como SPECT e PET são descritos pormenorizadamente em capítulo próprio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário